domingo, 26 de junho de 2011

Alteração Regulamento Ciranda - Proposição para a Convenção de Taquara.

Prezados!

Conversando com tantos e tantas Rio Grande afora, chegamos a conclusão que era hora desta proposição chegar até a Convenção.

A proposição visa aumentar a idade limite para as concorrentes da Categoria Adulta na Ciranda de Prendas. Eu, honestamente, acredito que não deveria nem ter idade máxima, mas pensando no caminho mais possível de que esta proposição seja aceita, pensamos que estender q idade máxima para as concorrentes aos 30 anos seja um número suficiente para atendermos os anseios daqueles que tem enfrentada dificuldades em função desta regra que diz que as Prendas Adultas podem ter, no máximo, 24 anos para concorrer na fase Estadual da Ciranda (ou seja, no máximo 22 para assumirem como prendas de suas entidades).

Bom, não vou me estender aqui, abaixo está a proposição completa com nossas justificativas e entendimentos. "Nossa" pois esta foi elaborada com a idéia de várias pessoas, minha função foi apenas colocá-la no papel.Em especial, cito as Prendas Luna e Kelly, 18ª e 1ª RT respectivamente, com quem as figurinhas trocadas foram fundamentais para que esta proposição fosse enviada.

Enviei ela pela 13ª RT e outros(as) Tradicionalistas estão fazendo o mesmo através de suas Regiões. 

Pedimos o apoio de todos os que concordarem conosco. Seja para nos apoiar no momento em que a proposição for apresentada quanto para difundir esta idéia.

Ao final, peço a gentileza que, aqueles que concordarem e desejarem manifestar seu apoio, assinem seus nomes e/ou sua Região de origem, entidade, etc., para ganharmos mais força.

Quem quiser falar comigo, mande e-mail para taina_sv@yahoo.com.br ou pelo msn taina_sv@hotmail.com ;)

Destaquei alguns trechos com um sublinhado.

Feito, povo!


PROPOSIÇÃO

ALTERAÇÃO NO REGULAMENTO DA CIRANDA CULTURAL DE PRENDAS.



AUTOR (A)

Tainá Severo Valenzuela, DTG Noel Guarany – UFSM – 13ª RT



PROPOSTA

Alteração do Artigo 7º, Incisos V e VI (página 255 da Coletânea).



RESUMO

Propõe a seguinte nova redação:

“Art. 7º c) adulta – entre 18 (dezoito) a 30 (trinta) anos.”



JUSTIFICATIVA

Entendemos que a idade máxima de 22 anos para as Prendas da categoria Adulta assumirem os Prendados em suas entidades, de forma a estarem aptas à participarem da Ciranda Cultural de Prendas em sua fase Regional, ser uma idade muito baixa. Ainda, este item do regulamento fora aprovado em uma situação extrema, com poucas possibilidades de debate e questionamentos (Convenção Tradicionalista do ano de 2009, na cidade de Porto Alegre, com reduzido número de participantes em função do veto a destes devido ao surto da gripe H1N1 no RS). Assim, justificamos a proposta de alteração da idade máxima para as concorrentes adultas da Ciranda Cultural de Prendas, objetivo desta proposição, a partir das seguintes premissas:



         - A mulher na sociedade contemporânea.

         Diferentemente de outras eras vividas pela humanidade, a sociedade atual assiste o desabrochar da figura feminina em seus mais diversos setores. A busca por independência financeira, embasada, geralmente, no investimento no estudo e formação profissional, faz com que as mulheres, na atualidade, optem pelo casamento ou pela maternidade em idades mais avançadas do que o faziam em décadas anteriores.

         Esta realidade faz com que as entidades tradicionalistas tenham, em seu quadro de associados, um extenso número de prendas na faixa etária entre 20 e 30 anos, que são atuantes e líderes do movimento jovem tradicionalista e que, frente o atual regulamento, não podem mais se envolver com os prendados assim que completarem 23 anos. Acaba-se excluindo estas jovens de atuarem em tão significativa função no Movimento Tradicionalista Gaúcho de forma bastante precoce.



         - O enfraquecimento das bases

         As entidades tradicionalistas, sabemos, precisam e também desejam, em grande maioria, atuar no Tradicionalismo em suas mais diversas áreas. O “precisar” é alusivo à conquista de pontos na Lista de Destaques das Entidades Tradicionalistas (para que, desta forma, garantam seus direitos de atuar nos segmentos do Movimento Tradicionalista Gaúcho) e o “desejar” é referente ao real desejo de culto e valorização da cultura do Estado do Rio Grande do Sul, elemento fundamental na condição de tradicionalista.

       Ter candidatas à Prenda Regional e/ou Estadual atende à ambas situações. Mas as entidades, desta forma, precisam excluir dos Prendados internos, aquelas que não atendem às atuais exigências para serem concorrentes nas Cirandas. Precisam buscar por concorrentes menos interessadas e/ou preparadas para que não percam os pontos que lhes serão destinados, mas acabam ferindo seus valores de tradicionalistas, de valorizar as meninas, hoje mulheres, que nasceram em suas entidades e regiões e fizeram parte destas durante sua trajetória.

         Esta situação “enfraquece as bases”, ou seja, fragiliza as entidades tradicionalistas e desestimula as moças/mulheres que estão sendo consideradas já aos 23 anos de idade, “muito velhas” para ocuparem o posto de Prendas.



- O conceito

Na figura da Prenda se deposita o anseio de representar a “mulher gaúcha”. A mulher gaúcha é parte desta sociedade onde a mulher modifica suas funções e, mesmo que se torna mãe de família ao longo do tempo, é também integrante do mercado de trabalho, por exemplo.

A Prenda hoje é, também, aquela jovem mulher que precisa conciliar seus estudos, trabalho e, ainda, suas funções como tradicionalista. As meninas que vivem realidades mais confortáveis são aquelas que, justamente por serem mais novas, são Mirins e Juvenis, representando as meninas e as adolescentes gaúchas, moças que apesar da pouca idade e das responsabilidades em menor volume (geralmente atreladas à Escola), também vivem a opção de serem grandes tradicionalistas, imbuídas nos princípios e valores que esta opção indica.

A Prenda da categoria Adulta (tal qual o nome diz) não pode ser aquela que pareça encorpar a categoria de representantes de faixas etárias mais baixas. Precisam demonstrar maturidade, conhecimento do mundo que a cerca, das realidades sociais, para que desta forma possam representar as mulheres gaúchas da forma como elas merecem.



          Desta forma, justifica-se esta proposição visando que as Prendas possam ser concorrentes na Ciranda Cultural de Prendas, em sua fase Regional, com até 29 anos.

          Esta proposição visa entrar em vigor a partir da 43ª Ciranda Estadual de Prendas (2012 – Fase Regional).



Santa Maria, 10 de julho de 2011.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Entrevista Sandro Nicoloso - Portal MTG.

Eu sou uma fã declarada do Sandro e da Lupi! Hoje vi a entrevista dele pro Portal MTG e tenho ainda mais orgulho de dizer que faço parte de um grupo de danças instruído por eles. Copiei aqui no blog a entrevista e marquei indiscretamente algumas partes muito boas e que eu assino embaixo, hehe!!!

Parabéns Sandro!
Fonte: http://www.portalmtg.com.br/noticia/entrevista-com-sandro-nicoloso

"O Portal MTG, dando continuidade à série de entrevistas com instrutores, posteiros e professores pelo Rio Grande do Sul, traz para a esta charla Sandro Nicoloso Oliveira, 46 anos, nascido e criado em Santa Maria. Acompanhe nossa prosa:
Portal Quando começastes no tradicionalismo e quando começastes esta belíssima carreira de instrutor de danças?
Nicoloso - Bueno, era maio de 1981 na Escola João Belém. Sob a instrução da professora de Educação Artística Itajira Biacchi, literalmente comecei meus primeiros passos. Foi o primeiro contato com este mundo - digo “mundo” pois minha formação familiar, embora sendo ligada a música, nada tinha ver com cultura artística  gaúcha, mas sim italiana.
Ao acompanhar amigos nos eventos relacionados a dança gaúcha, fui descobrindo um gosto ilimitado pelo mundo gaúcho.
Após essa descoberta, fui parar não sei como no D.T.C.E. ATIRADOR ESPORTIVO, clube da cidade que estava formando um departamento artístico. E esse gaúcho, já tomado pelo gosto das danças e festivais, abraçava a participação em rodeios e o FESTIVAL DO MOBRAL (é Rogério, eu dancei no Festival do Mobral...).
Ao findar esse grupo no departamento artístico do Clube Esportivo, onde tínhamos por instrutor e amigo o gaúcho Albino Becker, hoje residente em Brasília, mudei-me de bairro. Fui convidado para integrar um novo grupo que se formava dentro do CPF Piá do Sul e trazia para comandar este trabalho o tão afamado Coreógrafo e Instrutor Pedro Pedroso.
Dali a imersão no sentimento gaúcho foi infindável, pois  recebemos o maior presente e resultado que um grupo poderia almejar: o aplauso incontido do público em reconhecimento ao trabalho realizado. Então ficamos conhecidos como o grupo da BANDEIRA, que este ano completa 21 anos.
No outro ano o grupo tornou-se GRUPO TANGARÁ CANTO E DANÇA, este já com pesquisas de folclores latino americanos, vivências de muitas viagens e  muitos dançares que contribuíram para a minha formação.
Meu primeiro grupo como instrutor foi o CTG Vaqueanos, da cidade de Restinga Seca, perto de Santa Maria. Mas não posso deixar de citar aqueles que deram crédito a este peão, como: Ponche Verde CTG (Santa Maria); CTG Sinuelo do Pago (Uruguaiana); CTG Aldeia Farroupilha (Farroupilha); CTG Campo dos Bugres (Caxias do Sul); CTG Adaga Velha (Rosário do Sul); CTG Sentinela da Querência (Santa Maria); CTG Estância Gaúcha do Planalto (Brasília-DF); CTG Sentinela da Tradição (Lucas do Rio Verde-MT); CPF Piá do Sul; CTG Francisco Casaline; CTG Os Gaudérios; e a grandes amigos que optaram em realizar um trabalho junto comigo entre eles: Douglas Gauchão (Foz do Iguaçu- PR); Luizinho Portes (Campo Grande-MS).
E gracias à todos que confiaram seus grupos e trabalhos a minha participação.
Portal Que grupos trabalhas hoje?
Nicoloso - Sou instrutor do DTG Noel Guarany da UFSM; GAN Vaqueanos da Tradição de Soledade com Daniel Telo; DC Alma Gaúcha de Dom Pedrito juntamente com  Diego, Tiago, Bruna e Fabiele CTG Rodeio de Encruzilhada; DTG Estância Velha, estes dois na parceria do Anderson Santos.
PortalDos grupos trabalhados, destaque passagens interessantes que marcaram sua vida.
Nicoloso - Bueno, não tem como esquecer lá no início, com o Grupo Tangará Canto e Dança (dançarino), a emoção de ser reconhecido pelo público e aplaudido de pé por todos no antigo Fegart/88. Indescritível a sensação!
Quando no Fegart/ 97, com o CTG Aldeia Farroupilha, passar pela primeira vez para a final em Santa Cruz do Sul, grande momento e gracias aos dançarinos que fizeram parte daquele sonho.
Em  2001 no Fenart em Brasília, ser vice-campeão de danças com o CTG Estância Gaúcha do Planalto, tinha gosto de superação.
No ano seguinte 2002, o tão sonhado primeiro lugar de danças no Estadual em Brasília. Tudo corria contra, mas novamente a união daqueles dançarinos foi maior.
No ano 2007, o 3º lugar no Enart com o CPF Piá do Sul, foi a certeza que a determinação vale a pena sempre. Orgulho-me daquele trabalho e dos que ali estiveram conosco.
Em 2007 e 2008, ter auxiliado na conquista dos títulos do grupo juvenil do CPF Piá do Sul no Juvenart.
Nunca esquecendo que nosso caminho não foi trilhado somente por  conquistas, também por momentos tristes com perdas de amigos que lutavam pela mesma causa.

PortalNa função de instrutor, não seria interessante ser trabalhadas outras questões que não só a dança?
Nicoloso - Sim, nos dias de hoje temos uma grande concorrência a  “massificação conceitual”. Ela nos leva a conceitos já prontos ou estudados e direcionados, tornando nossos  jovens  papagaios destes “estudos”.

Temos sim o dever de levar a teoria e o debate a eles, para que  o absorvam e aí sim construam seus próprios conceitos.

Hoje os grupos participam de cursos em que são instituídos argumentos estudados e tornados corretos e por muitas vezes não se importam em saber o que mais sobre o assunto.

Nossa dança  é  parte de um todo da nossa cultura, ela não é o todo.

Portal Por que não são trabalhadas?
Nicoloso - Olha, não sei os demais colegas, mas procuro muitas vezes inserir parte destes debates dentro das salas de dança. Temos uma procura imediata por resultados, por uma melhor performance nos concursos, pois se nós instrutores não proporcionarmos resultados positivos, somos tachados de ineficientes e que ficamos nos preocupando com estes detalhes que “não são avaliados nos rodeios durante as danças”.

Fica então uma luta constante entre o que se tem que divulgar e o imediatismo dos resultados.

Portal Por que, na tua opinião, é tão difícil se chegar a um consenso quando se trata de danças tradicionais?

Nicoloso - Acredito que por um motivo bem simples: INTERESSE PROFISSIONAL. E isso é natural, deixo bem claro. Não estou contra, é apenas uma constatação. Cada um, como se diz, “puxa a lenha pro seu assado”. Não estou falando nada de anormal, bem pelo contrário. Somos seres competitivos e não ensaiamos por ensaiar, queremos sempre mais.

Portal Achastes importante a força “B” no ENART e nos rodeios? E a transmissão via internet?

Nicoloso - Excelente esta força B. Agora precisamos que as autoridades lhe dêem valor necessário e que organizem pequenos detalhes na sua operação, pois nela também é investido muito suor, verbas e sonhos.


A transmissão é algo necessário e de vital importância ao festival e a nossa cultura, por se propor a divulgar e levar além das fronteiras nossas tradições.
PARABÉNS A TODOS QUE FAZEM ESTE PROJETO!

Portal O que tu sugere como motivador para os grupos que estão se preparando pra concorrer em rodeios ou mesmo no ENART?

NicolosoPrimeiro quero dizer que devemos ter nas danças um instrumento de motivação para essa geração de jovens com seus anseios e sonhos, ensinando por meio desses grupos a disciplina, a organização de metas e a superação contínua do ser humano.


Lembrar que um rodeio e um Enart são parte de nossa história e não podem ser elementos desmotivadores ou  incentivadores da vaidade desmedida.

Nem sempre ganhamos, nem sempre perdemos, mas o respeito ao próximo deve sempre imperar.
        
Agradeço a Deus pela saúde e pela família que tenho. Gostaria de agradecer sempre a pessoa de minha esposa, instrutora e coreógrafa Luciana Fagundes, que sempre me acompanhou, dividindo as conquistas e derrotas, sempre de forma positiva e corajosa. A ti, Luciana, e a meus filhos Ícaro e Aquiles, fica meu agradecimento pela parceria pela arte.

Rogério Bastos para Portal MTG."



FEITO!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Justiça Histórica" - Minha prova oral da 40ª Ciranda (Regional)

Fuçando no pc, hehe, achei minha prova oral do concurso da Região, que ficou engavetada na época pois disseram que eu peguei "pesado" demais e me "orientaram" que não o publicasse em lugar nenhum, pra ver se as pessoas esqueciam dele até a Ciranda estadual. 

Virou e mexeu, eu guardei arquivadinha, pois eu também sou uma moça obediente!!! Quando algo pode vir atingir a mim, tou na banda, hehehe! Mas se pode interferir em mais algo ou alguém, nem pensar ;)

Penso que não há mais motivo para isso. Acredito MESMO em tudo que eu disse e resolvi arriscar em falar em voz alta no meio da Ciranda Regional de 2009. Eita saudade...

Fiz a transcrição da prova e aqui ela está. Sim, transcrição, pois eu acho que decorar 8 minutos de texto pra uma prova oral de 10 minutos e deixar uns 2 minutinhos pra falar do tema, é uma coisa que não tem fundamento. 

Se o tema é sorteado, deve ser pra inibir o caso dos discursos decorebas. Não é o que nós vemos por aí...

Bom, este foi o meu "discurso". Com algumas gaguejadas, com pausas reflexivas, hehe, palavras repetitivas e tudo mais... Mas mesmo assim, confesso que me orgulho dele. Com suas falhas de oratória, foi um discurso honesto, sincero e natural. Bom, foi honesto e sincero, de minha parte. Natural pois foi o que "fluiu" na hora! Pelo menos eu acho assim =)

Lá vai...

“Quisera Deus semear a beleza do campo na alma do homem, pra ver florescer a virtude com a simplicidade que a arte resume.”


Nada melhor do que começarmos uma prova artística do que falando em Arte, que esta canção belíssima e perfeitamente interpretada por estes fantásticos músicos nos diz. Esta canção de Ângelo Franco.

Meu boa tarde, sou Tainá Severo Valenzuela, e tenho o prazer de representar nesta 40ª Ciranda Cultural de Prendas, meu querido Departamento de Tradições Gaúchas Noel Guarany, e ainda mais orgulhosa de trazer para esta tarde a presença da Universidade Federal de Santa Maria a quem eu represento através deste DTG.

Sorteei um tema que me deixou bastante feliz: “O Gaúcho e suas Façanhas”. Um pouco suspeita por ser acadêmica do curso de História, mas fiquei bastante feliz por poder trazer nesta tarde um tema que eu tenho estudado desde o início do meu curso superior.

O gaúcho e suas façanhas... (Não exatamente, mas) É o tema selecionado pelo MTG para o desfile deste ano do dia 20, e eu confesso que fiquei um pouco entristecida quando vi a descrição da temática, porque essas façanhas que são citadas são façanhas de homens, ricos, estancieiros. São homens com sua importância, sua relevância, fundamental, com certeza, na história deste Estado, porém, quem são os gaúchos? O gaúcho e suas façanhas. Quais são essas façanhas?

Quando falamos em gaúchos, nós não podemos nos dar o direito de excluirmos desta história o negro, o pobre, a mulher. Porque as façanhas não são das gaúchas, de repente?

Observando o tema para o desfile deste ano, vi que são muito bem pontuadas as temáticas com relação à façanhas dos nossos generais, em grande maioria, dos líderes do Movimento Farroupilha.

Porém porque não falamos da força dos nossos Lanceiros Negros, que mesmo sendo torturados no Rio Grande do Sul (porque, infelizmente, alguns acreditam que a escravidão no Rio Grande do Sul foi mais branda, mas as últimas pesquisas comprovam que isso não é verdade)... Porque que nós não lembramos deste escravo, que mesmo reprimido, açoitado, sofrendo, foi lá e defendeu uma causa que não era dele... Era uma causa da elite, em grande maioria, que foi defendida por estes homens.

Quando falamos das façanhas dos gaúchos, porque não falamos das façanhas dos peões pobres que morreram em campos de batalha, defendendo uma causa que, era deles, também, mas não apenas deles?

Porque não falamos das nossas Vivandeiras quando falamos em façanhas? As prostitutas do Rio Grande do Sul. Porque elas acampavam em campos de batalha, elas pegavam em armas, elas lutavam, elas morreram. Onde estão as façanhas das Vivandeiras?

É muito pouco observado isso na história do Estado.

Onde estão as façanhas das Estancieiras, que ainda é uma temática um pouco mais abordada, mas elas mantiveram a economia de um Estado inteiro enquanto os homens estavam em guerra. Onde estão as nossas estancieiras? Elas não foram apenas mães, não foram apenas esposas, não foram apenas coadjuvantes nesse processo. Foram atuantes, foram protagonistas. 

E porque quando falamos em façanhas nós lembramos do homem, e nós lembramos dos nossos generais, em grande maioria? E cito não apenas a Revolução Farroupilha porque o tema abrange o gaúcho em geral e não define o momento histórico, mas então pensemos nas façanhas, se são tão lembradas, por exemplo, as façanhas de Honório Lemes, em 1923, que desenhou a Serra do Caverá pra manter suas tropas protegidas?

A fixação... Além desta fixação na Revolução Farroupilha, me entristece observar que existem outros períodos históricos, de pessoas que lutaram tanto quanto, que morreram, que doaram suas vidas, que doaram suas propriedades por uma causa, e elas são esquecida.

Eu chamo isso, particularmente, de justiça histórica, porque eu não acho justo nós ignorarmos tantos personagens relevantes pro Estado em função de uma minoria, uma minoria elitizada.

E quando eu falo isso, trago pro momento presente, para pensarmos que, se no futuro, vamos supor, forem fazer a história do Movimento Tradicionalista Gaúcho, quem estará nesta história? Seremos nós? Será que farão conosco a mesma injustiça que muitas vezes nós fazemos com os nossos antepassados?

Será que ao falarem da história do Movimento Tradicionalista Gaúcho, estarão falando de nós que estamos aqui concorrendo, dos senhores e das senhoras que estão aqui hoje assistindo esta Ciranda? Ou será que citaremos o nome dos Presidentes do MTG? O nome dos Conselheiros do MTG? O nome de alguns Coordenadores Regionais?

Nós não temos o direito de fazer com o passado a injustiça que nós não queremos que o futuro faça com a gente.

Nós somos o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Nós lutamos por ele. E muitos homens que são anônimos também lutaram por este Estado onde nós vivemos hoje.

E encerro minha temática da prova oral citando um pequeno trecho de uma canção que foi dançada pelo grupo Tebanos do Igaí, que ela diz:

“Quem sabe um dia, meu irmão, quem dera, meu povo aqui do Sul possa de novo levantar bandeiras, fazer nova história... E que o futuro possa se orgulhar de nós.”

Para o momento da prova oral, era isso que eu tinha para dizer para os senhores...


>>> Bom, apesar do "risco", no final deu tudo certo!! 
A melhor comemoração é sempre com vocês, meus irmãos Guaranys...