domingo, 31 de julho de 2011

Meu coração na Convenção de Taquara.

Longo post...

Uma certeza eu tenho: tentamos. E tentamos firmes, e tentamos fortes, e tivemos apoio. De muitos sem direito ao voto e de 17 com direito. Eu queria saber o nome dos 17 pra poder agradecer à eles pessoalmente.

De tarde, eu e outras prendas conversávamos sobre o quanto já idealizamos o tradicionalismo como um Movimento bom, puro e mágico.  
E que não é isso que nós vemos sempre...
O que eu disse pra elas é que eu sigo acreditando neste Movimento sim, e que é por isso que eu insisto tanto no que eu acredito. O Tradicionalismo é bom. Algumas pessoas que não são (ás vezes, 1 única pessoa consegue dominar os outros de tal forma que chega a ser nojento).

E enquanto eu acreditar, eu vou continuar. Mesmo que seja chorando, mas eu vou seguir tentando. O nosso tradicionalismo puro e encantador ainda será uma realidade. A realidade que foi um dia quando aqueles jovens se organizaram pra fazer FORTE a cultura do Rio Grande. E verdadeira. Acima dos interesses pessoais, acima da politicagem.

E foi assim...

Quando iniciaram os trabalhos sobre a Ciranda, já era bem mais de 17h (horário previsto). Mas consequência de bons debates que estavam acontecendo.O evento, desta vez, estava bem organizado. Eu e a Jessilena, que enviou a proposição pela 1ª RT, nos postamos prómixas ao microfone, na lateral do público. O Sr. Savaris começou falando das proposições enviadas e dizendo que a nossa não fora aceita integralmente pela Comissão, mas que a Comissão adotara uma posição intermediária.

Após o Regulamento todo lido, o único debate sobre a Ciranda que pude acompanhar além do nosso (pois a excursão precisava voltar) foi uma proposição que dizia que as 3ª Prendas não deviam mais compor os prendados, ou seja, que houvesse apenas 1ª e 2ª Prenda por modalidade (igualmente para Peão). Felizmente - na minha opinião - não fora aceito.

Chegaram ao item da Idade máxima para a Prenda Adulta, com a idéia de que fosse de 27 anos no máximo (no Estadual) - o intermediário entre nossa proposição e o regulamento atual. Não era o que a gente queria. A gente não quer o mais ou menos. A gente quer o melhor pra todos.

A Jessilena defendeu, falou do sonho de tantas Prendas, falou que a idade não deveria ser limitante. Sugeriu que tivéssemos então, idade máxima para o Conselho. Pra dar chance aos demais, se a idéia é essa. Falou um monte mais..

Falei eu depois.

Falei que era uma proposição que não faria mal à ninguém, que queríamos o direito de escolher o melhor momento pra concorrer. 
Que não nos julgávamos melhor que ninguém, pois qualquer uma "mais velha" pode perder pra uma "mais nova" em qualquer Ciranda. 
Falei que estávamos reinvidicando o direito de lutar por um sonho.
Falei que minha mãe sempre me disse que eu poderia ser aquilo que eu quisesse, desde que eu lutasse por isso. 
Falei que agora eu estava sendo impedida. 
Que entre perder e ser impedida, eu prefiro perder.
Falei que a limitação de idade enfraquecia as entidades = a base. Pois precisavam dizer pras Prendas que desejam concorrer que elas não podiam, e tinham que insistir com algumas pra irem "na força" pois não tem outra. É a realidade de muitos.
Perguntei: Pq que não? Que mal que tem?
Comentei que o Presidente Bertolini disse na abertura do evento que o Movimento deve ser prazeroso. E que esta era uma limitação que estava fazendo muita gente sofrer.
Disse que não me acho velha pra ser aquilo que eu sempre fui.

Fomos aplaudidas, muito aplaudidas. Dividindo o salão em em três partes, digamos que um terço dele (que estava mais na frente), eram os votantes. Os outros dois era o povo todo, não só a gurizada, mas muitos outros que estavam ali, e estavam conosco.

Depois de nós, falou o Sr. Manoelito Savaris, que era o relator pela Comissão. Falou que tínhamos ultrapassado nosso tempo de falar, mas que eles haviam deixado (a platéia respondeu dizendo que eles não tinham o que dizer mesmo...). Disse que somos duas moças que falam bem, muito bem articuladas. Maaas que a Comissão era contra nossa proposição. Pois nós podemos não ser velhas, mas tb já não somos tão novas não. A platéia riu (e acho que não riu de mim). Disse que eu "escorreguei" em minhas palavras, e leu um trecho do final da minha proposição. Disse que eu estava me contradizendo.

Após isso, vieram os debatedores.
A primeira a falar foi a atual 3ª Prenda do RS. Disse que não concordava conosco pq o "couro" não fazia diferença, pois ela lavava os pratos em sua entidade, varria o chão e tudo mais. Disse que o lugar dela era colaborando e que existiam outros cargos, que ser Prenda não era tudo (ouvi vozes da platéia perguntando o que ela fazia ali com aquela faixa...).

Falou então a atual 1ª Prenda do RS, dizendo que não se poderia esquecer que uma diferença de idade tão ampla poderia gerar um choque interno nas Gestões. Também falou que existiam outros cargos, e falou que ela já ocupara outros tantos. 


As duas prendas citaram que acham que terminar a faculdade antes de ser Prenda não era fundamental, e citaram uma prenda estadual que tinha 2 faculdades quando foi 1ª Prenda do RS. Pena que elas não sabem que essa Prenda LARGOU AS 2 faculdades pra ser Prenda. Não interfere mesmo?

Um senhor que não conheço disse que queria manter os 24 anos.
Outro senhor que não sei quem é também disse que o "entre-choque" de idade poderia ser grave.
O Sr. Winck se manifestou nos apoiando, dizendo que tínhamos razão no que pedíamos. Aplausos de novo, muitos aplausos.
Não lembro quem mais falou - se falou -.

Nessa hora eu já estava tomada pela emoção. Por ter ouvido absurdos e pelas manifestações de apoio que recebíamos, principalmente dos 2 terços do fundo do salão.

Podíamos voltar ao microfone, como proponentes.

Ah, e lembro que alguém reclamou das Prendas que concorrem muitas vezes e tomam o lugar de outras.

Quando fui falar, muitos sentimentos me perseguiam, mas essa sou eu. Não segurei o choro e fiquei emocionada por ter encontrado olhares de apoio e de conforto, tanto da mesa quanto da platéia.


Tinham me dito pra ser racional, eu tentei. Mas a Tainá de verdade foi quem falou mais alto, e ela é muito passional.


Falei ao Senhor Savaris que não "escorreguei" não, que quem tivesse a oportunidade de ler minha proposição inteira iria ver que ela é bem coerente (ela está no post anterior) e que não contradiz o meu discurso (aliás, eu também poderia ter dito que ele, que se diz historiador, deveria saber de não se julga ou analisa um texto por um trecho mínimo dele).
Confirmei com as Senhoritas Prendas sobre elas terem ocupado outros cargos. Ambas confirmaram com a cabeça. Aí perguntei: Esses outros cargos fizeram vocês desistirem do sonho de vocês? Não, não fez. E NEM EU. Contei que eu tenho outros cargos, eu sou Capataz da minha entidade. Uma entidade composta de jovens universitários que, semanas atrás, sediara uma Regional de ENART para mais de 1.800 pessoas. E eu varro o chão, e eu lavo os pratos e eu faço pela minha entidade o que for preciso. EU COLABORO. Eu estava lá reinvidicando o direito de lutar por um sonho. Foi isso que eu disse.


E perguntei como que eles podiam ter medo do choque de idades se (como bem me lembrou uma moça que já foi Prenda do RS) o que este Movimento prega é o oposto?? E disse que todos nós tínhamos cantado, naquele mesmo dia, o seguinte: LADO A LADO PRENDA E PRENDINHA, TODOS JUNTOS DANDO A MÃO. AVANTE, SEGUINDO OS AVÓS, EM FRENTE TRAZENDO OS PIÁS. COISA LINDA É SE VER GERAÇÕES, CONVIVENDO NA SANTA PAZ.


E encerrei ali mesmo. Vi a 2ª Prenda do RS, Muriel, me aplaudindo de pé.
Ouvi aplausos, muitos... Gritos de apoio!

A Jessilena falou e lembrou que as Prendas de 18, 19 anos, que alguns alegavam que seriam prejudicadas, estavam ali, nos aplaudindo e nos apoiando. E então???


Mas votaram. Foram 30 e tantos votos contra 17.


Eu chorei, chorei bastante. Recebi abraços, apoio e milhares de parabéns. Ouvi palavras lindas, pessoas me disseram que se orgulhavam do que eu fiz. Entendi que semeamos algo BOM no coração de muitos. Uma pena que muitos não perceberam que o choque estava ali: Um massa de tradicionalistas - sem direito ao voto - pedindo aos que tinham este "poder" para interceder em favor deles. 17 sabiam disso e concordavam. Os outros não.

Tentamos, nós tentamos. Com todo o coração.
Pelo menos, sei que já ajudamos muitas Prendas, que podem voltar aos seus palcos. Até os 25 anos (27 no Estado).

Para estas, quero dizer duas coisas: 
1º - aproveitem a oportunidade. 
- e mais importante: NUNCA, NUNCA deixem de lutar por aquilo em que acreditam. Se for verdadeiro, se for sincero, vale a pena. Não deixem que esse esforço todo tenha sido em vão...

Nós não somos o futuro do Movimento. Nós somos o seu presente.

Sem a gente, não existe Ciranda e não existe Entrevero. Sem a gente, o ENART não seria nem 2% por cento do que é e a FECARS seria bem menor do que é também.

E quando vocês forem Regionais/Estaduais, HONREM aqueles que vocês representam.
Só isso...