sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pequenas Polêmicas. Grandes Negócios - Concursos MTG.

Revisando os regulamentos dos Concursos de Prendas e Peões, trago uma polêmica que vem sendo batida e debatida... E não entendida. Vamos lá, observemos!
 - Os regulamentos estão disponíveis em www.mtg.org.br -


Sobre a CIRANDA:

Capítulo III



DAS CANDIDATAS E REQUISITOS


Art. 7º - A Ciranda somente concorrerá candidata que satisfaça os seguintes requisitos:


I - representar uma Entidade de participação plena ou parcial filiada e em dia com suas obrigações com o MTG


II - ser solteira e sem filho(s), observando-se, ainda, o contido no art. 226, § 3º, da Constituição Federal de 1988, que se refere a “... união estável entre o homem e a mulher como Entidade familiar...’’;


III - haver firmado termo de compromisso de bem exercer o cargo e as atividades sociais de representação e outras a ele inerentes;


IV - estar autorizada pelos pais ou responsáveis legais;


V - ter idade, computada em 31 de maio do ano da Ciranda, na sua fase estadual:


a) mirim - entre 10 (dez) e 12 (doze) anos , até fazer 13 (treze);


b) juvenil - entre 13 (treze) a 17 (dezessete) anos, até fazer 18 (dezoito);


c) adulta - entre 18 (dezoito) e 24 (vinte e quatro) anos, não pode ter feito 25 (vinte e cinco).


VI - ter escolaridade mínima:


a) mirim – da 2ª a 6ª. série do ensino fundamental;


b) juvenil – da 5ª a 9ª. série do ensino fundamental;


c) adulta - possuir ou estar no curso de ensino médio.




Sobre o ENTREVERO:

Capítulo III



DOS CANDIDATOS E REQUISITOS

Art. 5º - Somente concorrerão os candidatos, que possuírem comprovadamente, as seguintes condições:


§ 1º - ser representante de uma entidade filiada Plena ou Parcial e em dia com suas obrigações para com o MTG;


§ 2º - ter idade computada no dia 30 de abril do ano correspondente ao concurso na fase estadual:


a) peão: 17 anos;


b) guri: 12 a 16 anos.


§ 3º - ser solteiro e sem filhos, observando-se ainda, o contido no artigo 226 § 3º da Constituição Federal de 1988 que se refere “... à união estável entre homem e mulher como entidade familiar...”;


§ 4º - estar autorizado pelos pais ou responsáveis legais;


§ 5º - haver firmado termo de compromisso de bem exercer o cargo e as atividades a ele inerentes;


§ 6º - ter escolaridade mínima:


a) peão: possuir ou estar cursando o ensino médio;


b) guri: possuir ou estar cursando a 5ª série do ensino fundamental.


 
Ou seja... Se o Movimento visa ser igualitário, POR QUAIS RAZÕES existem claras diferenciações entre as Prendas e Peões? POR QUAIS RAZÕES a idade da candidata à Prenda é limitada aos 24 anos e a dos Peões é livre?

Pequenas Polêmicas, Grandes Negócios... 
Negócio pra quem? Pois essa é a polêmica...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Swift Armour: A esperança, o progresso e a ruína.

Tive a felicidade de ter mais um artigo publicado na Revista "O Viés", com o apoio, claro, do meu queriiido Bibiano Girard. Para usar o blog também para fins educativos, hehe, reproduzo aqui a postagem do "Viés", com os créditos que merece. O original está neste link: http://www.revistaovies.com/artigos/2011/04/swift-armour-a-esperanca-o-progresso-e-a-ruina/



Segue o trabalho ;)

SWIFT ARMOUR: A ESPERANÇA, O PROGRESSO E A RUÍNA.



Local onde funcionava o restaurante para os funcionários. Foto: Bibiano Girard

O Brasil que assistia o findar do século XIX vivia transformações profundas no seio de sua sociedade, cultura e política, com grandes mudanças na formação do seu Estado.
A Monarquia, sem meios para sustentar seu império sem a mão-de-obra escrava, acaba demarcando o processo de transformação burguesa do Estado, do qual a classe média vem a se tornar principal e dirigente. O fim da escravidão (1888), a reorganização do aparelho de Estado (1889) e a Assembléia Constituinte (1891), serão base para um “tripé” que virá moldar esta formação do Estado burguês no Brasil.
A República então se instala no país. Enquanto isso, no cenário mundial, o século XX chega demarcando contendas comerciais entre potências européias, bem como a aberta rivalidade entre Alemanha e França na disputa territorial. Alianças se formam e a 1ª Guerra Mundial mostra ao fundo a face mais atroz da disputa pelo poder.
Da guerra, os Estados Unidos se sobressaem como a nova grande potência mundial e, entre as formas de manter seu poder e consolidar o sistema capitalista já em voga, distribui empresas ao redor do mundo, entre elas, os frigoríficos que irão se valer do potencial pecuário da fronteira oeste do Rio Grande do Sul no início do século XX.
Sérgio Schlesinger afirma em um estudo sobre o gado bovino brasileiro que “do começo do século 20 até a 1ª Guerra Mundial, chegam ao Brasil os grandes frigoríficos estrangeiros que sinalizam um novo cenário e que prevalece até os dias de hoje: não visam o mercado brasileiro, mas apenas a exportação de carne para a Europa”.
Esta é a realidade que irá marcar os moradores de Rosário do Sul, cidade localizada no interior do Estado do Rio Grande do Sul, na região da Campanha, na fronteira oeste, através da empresa frigorífica e de enlatados Swift Armour S/A, que inseriu em suas estruturas, trabalhadores da grande maioria das famílias da localidade. Atualmente, a cidade tem em média 41 mil habitantes e economicamente baseia-se na agricultura.
As poucas publicações que tratam da história municipal, geralmente vêm relatando episódios da fundação do município e sua breve cronologia, ainda salientando participações nos levantes armados ocorridos no Rio Grande do Sul. Porém, uma análise mais detalhada de alguns períodos, entre eles o período em que a empresa Swift Armour S/A esteve atuando em Rosário, não é estruturada.

Os rosarienses têm intrínseco em suas vivências e em suas ideologias políticas e sociais, o período de funcionamento da Swift. As ruínas da firma, que em 1963 cultivara 655 hectares, são feridas abertas no município, onde ainda se convive com o nostálgico sentimento baseado no pensamento de “se a Swift ainda existisse…”.
Os frigoríficos passaram a se instalar na região do Prata a partir de fins do século XIX, e acabam forçando uma reavaliação no sistema de produção de carne no Rio Grande do Sul, e os primeiros instalados em território rio-grandense seriam de origem americana.
Gustave Swift e Philip Armour tornaram-se duas potências no cenário de produção de carne mundial, com ampla distribuição na América do Norte e Europa, mas ao necessitarem de novas zonas criadoras, voltam-se para a América do Sul, que se torna eixo fundamental de distribuição de carne com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Antônio Francisco Ransolin, apontando o imperialismo estadunidense desde a antiguidade, escrevera em sua obra “Frigoríficos no Rio Grande do Sul” que “os frigoríficos não fugiriam a regra de formar cartéis e ostentar nomes conhecidos até a atualidade como Swift, Armour, Wilson. As origens dessas companhias eram semelhantes. Houvera uma grande onda de imigração européia a partir de 1820, atrás da fartura do solo gratuito e depois a corrida do ouro. A expansão do ouro na Califórna estimulara o imigrante Philip Armour, ao invés de buscar o saturado mercado de procura do metal, tentar o abastecimento de carne do enorme contingente de mineiros, estabelecendo um pequeno açougue. Com a expansão dos negócios desviou sua atenção para a florescente Chicago. De trajetória semelhante, Gustave Swift, também imigrante, estabeleceu um açougue em Boston, em 1839. Após transferiu-se para Chicago, visando o promissor mercado interno americano, onde a partir do frigorífico formaria seu grande império de indústria de carne no mundo. A cidade de Chicago era o ponto de encontro das grandes ferrovias americanas, de onde convergiam os grandes rebanhos e de lá distribuídas para o interior local onde os grandes frigoríficos constituiriam o Beef-Trust . Abastecido o mercado americano voltam-se para a Europa, porém necessitando de zonas criadoras elaboraram planos de estabelecimento na América do Sul”.
Em 1917 a Armour adquiriu em Santana do Livramento a charqueada Santana e a companhia Swift do Brasil foi organizada em julho em Rio Grande. Instala-se em Rosário do Sul no mesmo ano como Companhia Swift do Brasil S/A – Rosário do Sul, unindo-se à Armour posteriormente.
Aline de Lima Rodrigues e Meri Lourdes Bezzi explicam em seu texto “O processo de reorganização do espaço agrário em Rosário do Sul/RS 1940 – 2000” que “o Município presenciou o processo de declínio espacial da pecuária, e que no mesmo as conseqüências foram expressivas. Em 1917 a cidade contava com a instalação do frigorífico Swift – Armour S/A. Inicialmente, Inicialmente, esse frigorífico realizava seus abates para a produção de charque o qual assumiu importância nacional tal sua expressividade na época. Posteriormente, iniciou a industrialização da carne, por influência internacional (carne bovina enlatada), assim como, contribuiu para a produção de carne cozida enlatada. Em 1962, começou a se desenvolver a produção da carne cozida congelada. Paralelamente, têm início os investimentos na industrialização de frutas e legumes (1943). Especialmente, produziram-se ervilhas em conserva, obtendo, Rosário do Sul o título de maior produtor de ervilhas do Brasil e da América Latina”.
São 65 anos que transitaram entre a esperança, o progresso e a ruína.
A Swift chegara exportar 9.240.291 quilos de alimentos em 1939, tendo abatido um montante de 501.937 cabeças de gado nos 10 anos anteriores. No período da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a empresa foi uma das grandes distribuidoras de alimentos para a América do Norte.


Vista do que é hoje uma parte dos escombros. Contudo, indústrias estão aproveitando o espaço aos poucos e dando vida nova ao local.

Não é apenas coincidência que o Hospital (ainda único da cidade, de 1925), a Biblioteca Municipal (1967), a construção da Ponte Marechal José de Abreu (a maior de concreto contínuo da América Latina com 1.772 metros, de 1969), o Museu Municipal (1973), Clubes como Comercial e Caixeiral, por exemplo, tenham sido erguidos no período de existência da Swift. Isto demonstra que a Swift fora o ponto fundamental para a alteração do pensamento e dos costumes da cidade, das mudanças de hábito e dos desejos de culturalização.
Pode-se perceber uma sociedade que mudava suas bases rurais e se via com novas necessidades, carente de novos ambientes, que vagassem entre a cultura e os ambientes sociais. Observam-se estas mudanças, assim como um cenário de desenvolvimento do pensamento crítico/político, através dos próprios ex-trabalhadores da empresa. Estas afirmações são corroboradas através de entrevistas realizadas com Edgar do Couto Severo, que trabalhou em diversos setores da Swift no período de 1948 a 1958, Nadir Fernandes dos Santos, que trabalhou na empresa no período de 1969 a 1970, no setor de frozen, e ainda com José Carlos Vargas Valenzuela, trabalhador da “Cabanha Azul” entre os anos de 1985 a 1991 (período que a Swift já estava desativada). A “Cabanha Azul” fora fornecedora de gado para a Swift Armour – Rosário do Sul, (entrevistas que podem ser lidas no fim do artigo).
A Empresa Swift Armour S/A trouxe ao município de Rosário do Sul um enriquecimento econômico que permitiu a estruturação de diversos setores da cidade, sem a qual, Rosário teria ficado estagnada e sem maiores perspectivas de desenvolvimento.


Local onde funcionava a Admisnitração da filial rosariense, onde chegaram a trabalhar 800 pessoas. Foto: Bibiano Girard

Muitos dos valores políticos que se mantêm na cidade tiveram origem no período em questão, manifestam-se em momentos de eleições municipais e no questionamento das figuras de cargos políticos e estão se transmitindo através das gerações de maneira informal. Este posicionamento político faz com que a história do fechamento da empresa seja avaliada através de entendimentos distintos. Muitos valores sociais e culturais se moldaram no mesmo período. A cidade mantém vivos elementos que se identificam com a Swift, onde se incluem desde até mesmo bordões populares.
Sobre o funcionamento da Swift, vê-se que a organização e a disciplina eram elementos que impressionavam os trabalhadores de uma cidade essencialmente rural. Típico das fábricas de produção em massa, a Swift mantinha horários rigorosos e atividades tão rigorosas quanto. Os trabalhos eram variados, produzia-se a carne enlatada, mas também se produzia o charque e gêneros alimentícios como ervilha (também enlatada). A cidade ostentava o título de “Capital da Ervilha”, onde ocorria até mesmo feiras e festas municipais em “homenagem” ao produto.
Conforme a situação social, a relação de parentesco e a preferência política do cidadão rosariense, a história do encerramento das atividades na Swift assume, popularmente, no mínimo, 3 contornos distintos: Que a gestão da Prefeitura Municipal do período não soube administrar a permanência da firma da cidade; Que a empresa não tinha mais interesse no município, e já havendo sugado grande parte de suas potencialidades, deixa a cidade independente dos grandes esforços que a Administração Municipal fizera para mantê-la; A empresa ruma ao estado de falência, e a Administração pouco ou nada poderia intervir nem a favor e nem contra seu mantimento na cidade.
A esperança parece ter sido o primeiro sentimento a atingir a população de Rosário do Sul em função da Swift. A espera das melhorias de vida e a expectativa de que a situação econômica da cidade não poderia entrar em colapso enquanto eles estivessem sendo protegidos pela gigante exportadora multinacional. A esperança do progresso, pois mesmo que a população não esperasse que a Swift pudesse vir a deixar a cidade, também não esperava qualquer retrocesso após tão longa e próspera temporada em solo rosariense.
A ruína, que parecia tão incoerente com tantos anos de fartura, fora sentida não apenas nos melancólicos montes de concreto que desabam das antigas e gigantescas estruturas da firma, mas no cotidiano da cidade que, com menor poder aquisitivo, diminui o ritmo da vida social, perdeu poder de compra e, em grandes massas, migrou para outras cidades.


As ruínas do matadouro. Foto: Bibiano Girard

Mesmo estando intrínseco na sociedade rosariense o próspero momento vivido no período de funcionamento da Swift Armour, não existem materiais específicos que o registrem, e tendo esta sido desativada na década de 1980, em breve, os relatos enquanto o momento vivido pela cidade e pelas formas como a existência da Swift influenciou particulares e os modos de vida, se perderão.
Ainda há muito a ser revisitado pela história para que se trace um perfil dos trâmites sociais e políticos mundiais que alteram o cenário da região de fronteira oeste do RS em função da instalação da Swift Armour S/A.
Mesmo que as opiniões venham divergir, o período e o senso popular são ricos elementos que podem ser destrinchados para a análise dos processos de fixação das empresas estrangeiras em regiões tidas por “remotas”, relevante estudo em função das formas como o capitalismo e o imperialismo norte americano conseguem atingir regiões interioranas, adaptadas à costumes mais ruralizados.
A esperança, o progresso e a ruína. São as mazelas de um povo que havia depositado suas mais sinceras expectativas no que, agora, são apenas escombros.

Entrevista com Edgar do Couto Severo

Entrevista com José Carlos Valenzuela

Entrevista com Nadir Fernandes dos Santos






SWIFT ARMOUR: A ESPERANÇA, O PROGRESSO E A RUÍNA, pelo viés da colaboradora e historiadora Tainá Valenzuela e revisado pelo redator Bibiano Girard

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reflexões típicas... Pós Entrevero e pré Ciranda.

Me inspirei com um post da Mariana Mallmann em seu blog "Entretantos", refletindo sobre o que está faltando nas Gestões de prendas e peões que andam tão apagadas por aí. Comentei no blog dela e percebi que podia vir aqui falar um pouco também.
O post dela está em http://marianamallmann.blogspot.com/2011/04/por-que-ser-prenda-ou-peao-do-rs.html

Ela pontua 5 itens básicos que deveriam estar na mente de todos que ocupam determinados postos de destaque, sendo, resumidamente, os seguintes (concordei muuito, por isso vim aqui falar disso): 1 - Não esquecer de onde veio; 2 - Ser representativo e não apenas falar sobre ser; 3 - Ser líder (com a consciência que isto não significa "acreditar ser superior aos demais"; 4 - Conquistar espaço com confiança e responsabilidade; 5 - Faça acontecer.

Os questionamentos feitos são: "Será que nosso regulamento está favorecendo esse tipo de situação? Será que somos nós os errados, por talvez não orientarmos da forma correta os jovens (não que eu não seja mais jovem)? Será que a juventude de hoje vive com outros princípios? Será que o problema está na base, ou seja, nas nossas entidades tradicionalistas? É, são as muitas perguntas!"

São muitas mesmo...

Acredito nestes pontos acima. Acho que a sociedade em geral vive com outros princípios, mas vejo que o principal furo que está se criando está no primeiro questionamento: o regulamento favorece essa situação?

Na minha opinião: Sim, em absoluto. Comentei lá o seguinte...  

"Nossos concursos não estão estruturados para avaliar os concorrentes com todas estas questões que tu citaste. 

Hoje, os concursos nos trazem milhares de máquinas que reproduzem discursos prontos, muito bem ensaiados e, o pior, muito bem pontuados por isso.

Se o Movimento precisa de Prendas e Peões com mais liderança, os relatórios deveriam explorar ações diferentes. Se precisam de jovens espontâneos, as provas orais deveriam ser melhor avaliadas em seu conteúdo, não na sua forma de apresentação. 

Hoje, as vivências ficam de lado em nossos concursos, enquanto frases de livros são invertidas, transformadas em perguntas e geram um ponto no somatório. Não deixam espaço para questões que testem as reflexões dos concorrentes, alimentando ainda mais essa reprodução engessada de um "psuedo-conhecimento".

Concordo com tudo que tu disse sobre a falta de consciência do papel de muitos jovens que assumem seus cargos estaduais. Mas e onde estão os furos dos concursos vem premiando essa falta de consciência?

Bom, essa é minha opinião!

Vejo que as faixas encerram suas gestões tão branquinhas hoje em dia... Quem já usou qualquer faixa sabe bem que o USO as escurece, po causa do couro. Aí vejo fotos tuas e da Janine (por exemplo), em final de gestão, e penso... Mudou a qualidade do couro ou mudaram as cabeças?"


A Mariana comentou: "Tainá! Concordo plenamente com você! E acredito que suas colocações cabem exatamente naquele meu questionamento: será que nosso regulamento está favorecendo esse tipo de situação? Bom, vejo o assunto como um excelente tema para debate. É algo que precisa ser revisado urgentemente."


Realmente, é tema de debate. Ae me empolguei e vim aqui, hehe!!!

Não, não é papo aqui de Prenda recalcada perdedora. Mas se alguém quiser achar que é, tudo bem, pra mim não interfere. É na verdade papo de gente frustrada e não é com a atual gestão, é com uma sequência de eventos e pessoas que tem recebido um "fama estadual" absurdamente efêmera e inútil. Ui.

Falo de pessoas, pois algumas claro que se destacaram nos últimos anos. Não é caso com gestão tal ou tal.

Pensemos, neste espaço pós Entrevero e pré Ciranda.

Prova Oral
Fato 1: As candidatas juvenis e adultas sorteiam o tema.
Fato 2: As adultas podem falar por 10 minutos.
Fato 3: A maioria decora um texto de 8 minutos e deixa uns 2 pra falar do tema pra não ter perigo de dar furo.
Fato 4: Estas tiram notas altissimas na prova oral.
Fato 5: Estas são premiadas.

Menti? Olha, apenas raras exceções fogem desta regra. Desta forma, se premia a falta de naturalidade, a falta de espontaneidade que, evidentemente, são reflexo da falta de uma capacidade nata de expressão. Pessoas sem capacidade nata de expressão jamais terão um real senso de liderança.
Ah, o entrevero desse ano, pelo menos o de guris (que foi o que eu pude acompanhar melhor), deu um baaaaanho de expressividade e naturalidade em muuuuuitas prendas da Ciranda do ano passado. De longe. Ponto pra eles ^^ 


Relatório
Fato 1: Prendas preguiçosas fazem relatórios fakes.
Fato 2: Dificilmente se percebem estes fakes, mas também estes relatórios dificilmente recebem notas máximas. Bom...
Fato 3: Outras prendas se matam de trabalhar o ano todo.
Fato 4: Estas prendas sim, geralmente recebem notas máximas em seus relatórios.
Fato 5: Azar é o delas, o relatório vale menos que a nota de caracteres pessoais.

O relatório é engessado. Muita coisa que se faz no ano não se pode usar, então precisamos fazer ainda mais atividades "de relatório". As atividades de Prendado mesmo não são avaliadas. São avaliadas as ações bem montadinhas que vão pro relatório. Aí as vivências ficam deixadas de lado, junto com a criatividade. E vale pouco, muito pouco, pra quem trabalha. E vale muito, muito mesmo, pra quem faz nada.



Prova Artística
Fato 1:  Ela explora bastante habilidades. Bom, bom...
Fato 2: Peões sorteiam a dança de salão. Excelente.
Fato 3: Prendas escolhem a dança de salão. Depois algumas passam toda sua gestão dizendo que estão com o pé machucado e não podem ser tiradas pra dançar. Pois elas não sabem dançar. Mas elas sabem se agarrar no seu par e dançar alguma coisa desesperadamente ensaiada no concurso, por 2 minutos. Todos escolhem a dança tradicional. Acho que deveriam ser colocadas umas 10 por ano e ser sorteadas também. É O MÍNIMO conhecer as danças tradiconais. Dançar, se não sabe, APRENDE. É o 2° mínimo a saber. Depois tem aquela integração no ENART e fica todo o ginásio chocado se perguntando: "A Prenda do Estado não sabe dançar?" Ponto pro ginásio ^^
Fato 4: Contexto é bom e tem função. Que tal uma demonstração de pesquisas sobre a escolha das temáticas da prova artística? Claro, pesquisa. Não aquela repetição desenfreada de "a valsa marca a vida das mulheres...". Pois é, o ferro em brasa marca o couro dos animais. E se eu dissesse isso comparando uma coisa com a outra numa Ciranda ia chocar muita gente, mesmo que fosse verdade. O negócio hoje em dia é não inventar. Jamaaaais!
Fato 5: O comportamento durante a execução da prova artística só é considerado se for necessário. Se você for bem quista, não se preocupe em desrespeitar a faixa da região da Região que ostenta e jogue-a no chão, caso precise de uma medida desesperada se esquecer de tirá-la antes de dançar. Isso não interfere, ok?

Pois é, ironias a parte, a frustração continua. Ae quantas de nós não vão lá, fazem tudo certinho, dançam bem pq sabem, tratam todos educadamente, bem bonitinhas e... E daí né? Amadas, azar é o nosso! Nos cabe viver do orgulho de tudo que fazemos, já que mesmo sem as faixas, ainda somos aplaudidas e consideradas prendas de muita gente! Ponto pra nós!  Iei!

Peões/Guris
Fato 1: Os peões não tem o 1°, 2° e 3° lugar. Tem o Peão/Guri, o destaque Campeiro e o Destaque Artístico/Cultural.
Fato 2: Os "destaques" não necessariamente refletem uma realidade. Conheço peões que dizem claramente que "se eu fosse destaque tal teria mais sentido".
Fato 3: O concurso não é somatório para o 2° e 3° terceiro lugar da mesma forma que é para o 1°. Ou é? Mudou de novo? O regulamento muda com frequência em função disso. Na real este é o fato 3.
Fato 4: O concurso só será justo quando premiar as 3 notas mais altas, independentemente da prova. Senão não se privilegia o "conjunto completo".
Fato 5: Peões e Guris precisam fazer 50% da prova escrita. Excelente. O problema mesmo é a prova em si (o último item).

Tudo bem que "1° Peão" ou "2° Peão" não é uma nomenclatura bonita. Mas a palavra "Destaque tal-coisa" me lembra as escolas de samba desde a primeira vez que ouvi a expressão. Logo, acho que a nomenclatura não foi escolhida por sua "boniteza". Podemos pensar em nomes novos né? Não tenho sugestões no momento, mas vou seguir pensando...


Mostra Folclórica
Fato 1: As prendas precisam pesquisar para executá-la. Excelente.
Fato 2: Nem todas as prendas pesquisam, acham meia dúzia de bobagem e colocam a palavra PESQUISA em cima. São pontuadas da mesma forma que as demais.
Fato 3: Os cenários não contam. Excelente. Agora me convence que isso é verdade.
Fato 4: O espaço de 2x2 para a Mostra é suficiente. E eu choco com as mirabolâncias que fazem num 2x2.
Fato 5: Cada jurada dá uma nota inteira pra Mostra. Acredito que, se um avaliasse pesquisa, o outro a oratória, o outro a desenvoltura da Prenda para executar o que demonstra, teríamos notas mais justas. E que todos avaliassem o contexto do cenário conforme o item que avaliam,

Confabulando... Os cenários deveriam valer. NÃO NO SEU PORTE, mas na sua lógica e sua relação com o contexto. Se tiver UM objeto no cenário, ele deve ter sua função. Se houver 20, eles devem ter sua função. E valer a mesma coisa. Ainda, a pesquisa deveria ter nexo com o que foi apresentado. Vai dizer que, entregando a pesquisa junto com a mostra, que os jurados passam toda a noite lendo pesquisas. Aham... É muita Cláudia pra pouca cadeira mesmo. Agora vai junto com o relatório, né? Melhor, melhor.

Caracteres pessoais
Fato 1: Vale muito (15 pontos, só vale menos que a prova escrita)
Fato 2: Não é um item claro e permite a subjetividade em demasia.
Fato 3: Contraria os princípios do Concurso, que se orgulha de não ser um concurso de beleza.
Fato 4: Muitas prendas já foram prejudicadas diretamente por esta nota, sem fundamento algum.
Fato 5: É conhecida como a nota que define o concurso. Pois, em sua subjetividade, autoriza os jurados) ou os responsáveis por julgar os jurados), a deixar o resultado ao gosto do freguês.

Minha nota de caracteres na 40ª Ciranda foi uma das mais baixas. Pq eu não sei, e se dizia nas planilhas eu tb não sei, já que elas nunca chegaram na minha mão. Não, eu nunca vou deixar de lembrar o mundo todo disso. Bom, eu estava bem pilchadinha, bem penteadinha, bem maquiadinha e bem educadinha. E nem atirei minha faixa no chão, nem falei texto decorado =) Então não sei e nunca saberei o motivo da minha nota power baixa. Devem ter me achado feinha. Mas, segundo o regulamento, a nota avalia as boas maneiras e simpatia da Prenda, não é? E quem me conhece sabe, eu sou um amorzinho ^^ Beleza é só um detalhezinho da nota. Tudo no inho. Que nem o regulamento.

Prova Escrita
Fato 1: É mal elaborada.
Fato 2: Não é elaborada por especialistas no tema (como historiadores e geógrafos), o que a faz mal elaborada.
Fato 3: É baseada numa bibliografia desatualizada e os livros recentes que usam são péssimos.
Fato 4: Faz com que os concorrentes caiam na decoreba e não aprendam bulhufas (olha, a decoreba de novo! Não pense, não reflita... Reproduza!)
Fato 5: Vale muito (30 pontos).

A prova dos concursos é, digamos assim, ridícula. Completamente ridícula. Não é reflexo de conhecimento, é reflexo da capacidade de decorar livros velhos e ruins. Basta pegar um parágrafo de livro e inverter sua ordem, transformando-o em pergunta. Este ano, na prova dos guris caiu "onde nasceu e onde morreu Bento Gonçalves". Que diabos de diferença faz essa gurizada saber disso? Diferença faz eles entenderem a Revolução Farroupilha no contexto regional e nacional.
Todo ano cai algo sobre o Movimento da Legalidade. NENHUMA vez caiu algum questionamento sobre o que ele foi, em que momento político aconteceu, sua importância e a importância de Leonel Brizola. Sabendo as palavras "Movimento da Legalidade" associada a "Leonel Brizola", é uma questão garantida. Ponto pra você ¬¬
Sobre ela valer muito,  faz com que o conjunto do canditato seja desprestigiado. Vocês já ouviram essa frase: "Aquela guria ganhou alguma coisa? Mas a criatura não sabe dançar, falou mal, é uma nojeira..." Resposta: "Pois é, mas disparou na prova escrita". A pessoa se frustra, mas, que maldade... Desconsiderou que a pessoa decora muito bem. (Sim, foi irônico.)
Falarei sobre a prova escrita em outra oportunidade, inclusive com exemplo de questões.
Deixo assim por enquanto...

Enfim, minha opinião. É a minha. Muitos vão discordar, outros vão concordar. Outros talvez concordem me dizendo que eu tenho que "pegar mais leve". Eu volto dizendo que tenho o direito de me expressar como eu achar mais conveniente.

E me deixa chateada pois a gente começa a ajudar uma gurizada muuito buena pra os concursos, e precisa que eles deixem de lado muita coisa boa deles pra poder ter chance de concorrer a um cargo. Tem que deixar de explorar a inteligência e a criatividade pois sabemos que a prova escrita vai pedir que eles saibam algumas coisas de forma beem decorada.

Mesmo que os valores mudem, alguns se mantém em muita gente. E em outros, se transformam. Cabe valorizar isso tudo, entender as mudanças do mundo e valorizar quem ama o que faz, e sabe fazer.

P.S.:  Agradeço a Mariana por me autorizar citar o blog dela aqui. E lembrar claro, que o post dela me serviu de inspiração, e não estou reproduzinho palavras de ninguém nas minhas considerações (vá que alguém queira interpretar mal, e sempre tem...).