terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pesquisas no ENART 2011

Primeiro de tudo: Todo o meu respeito aos dançarinos, instrutores e patronagens das entidades citadas. Sei que o trabalho é árduo. Mas muitas pesquisas estão sendo feitas de forma bem equivocadas. Beeeeeem equivocadas.

Da mesma forma que você não confia a sua saúde à alguém que não é formado em medicina, pq confiar os estudos em História aos que não são historiadores? Defendo que cada um deva exercer a profissão pelo qual foi graduado para fazer. Se não foi, não faça.

O cuidado na bibliografia e o contexto deveria ser mais cauteloso. Trabalhos em história junto às danças não devem ser banalizados pois há a transmissão do conhecimento de forma muito popular e isto não deveria acontecer de forma equivocada.

Sem contar que, para qualquer contexto onde não se existam mais pessoas vivas que possam trazer um relato oral do período vivido, se não tiverem embasamento em fontes históricas de fundamento, as pesquisas ficam igualmente sem fundamento.

Vale se dizer ainda que as pesquisas em história não seguem mais as influências que predominaram até a 2ª metade do século XX: A influência do positivismo. O positivismo, para quem não sabe, foi uma doutrina criada por Auguste Comte em que, para a pesquisa histórica, se trata de uma linha de raciocínio onde apenas os documentos ditos "oficiais" são valorizados, em uma construção linear feitas de fatos, datas, causas e consequências e os "grandes vultos" (simplificando...). É uma corrente de pesquisa que não considera a influência cultural, as manifestações populares e nem a existência de uma história que não seja aquela configurada por estes "grandes vultos". Foi nesta doutrina em que o MTG sustentou e ainda tenta sustentar, desesperadamente, suas concepções do gaúcho Sul Rio-Grandense.

Graças à este (péssimo) pensamento, o MTG, na voz de seu "chefe de pesquisas" (que personificou - e "monopolizou" - todo o entendimento cultural do Movimento nas mãos de suas conviccções defasadas), tem trazido há anos, tanto nos livros que publica como nos temas que oferece para o Desfile Temático, um FATO seguido de diversos eventos que o moldaram. Sempre temos o destaque da elite, com Bento Gonçalves, David Canabarro e outros desses onde o "povo" se mostra apenas como uma camada que se espelha nestes ícones, desconsiderando suas vontades e principlamente, sua vasta influência na formação da identidade Sul-Rio-Grandense.

Os estudos em história conquistaram novos espaços com o Marxismo (que mesmo surgindo em época similar ao positivismo, ganha espaço posteriormente à ele) e com a Nova História Cultural, esta florescendo apenas após a metade do século XX. Aí as fontes são outras, as ideias também e se tem uma nova construção em história.

A cultura passa a ser relevante em sua grande complexidade: a articulação entre diversos setores da sociedade que se relacionavam, seja por necessidade ou não, mas com suas semelhanças devido ao espaço em que habitavam mesmo que não compusessem parcelas iguais de uma mesma sociedade.


Sempre reitero: Esta é a MINHA opinião. Do que eu acho bom, do que eu acho ruim. Por isso o blog tem meu nome. Todo mundo pode discordar, desde que saiba fazer isso com educação e ASSINANDO SEU NOME, assim como eu faço.

Ah, quem sou eu pra falar disso? Prazer, Tainá Severo Valenzuela, Historiadora e Professora de História formada pela Universidade Federal de Santa Maria, tendo sido orientada por Maria Medianeira Padoin e Saul Eduardo Seiguer Milder, com banca de monografia composta por estes dois mais Júlio Ricardo Quevedo do Santos, atual orientador do Mestrado em Patrimônio Cultural, também na UFSM.
Nada demais perto de tantos, mas tão consciente quanto muitos sobre estas pesquisas que apareceram no ENART.

Enfim enfim... Vasta e empolgada introdução para dar embasamento ao meu tema do dia: as pesquisas  do ENART.

Por ordem de apresentação, e somente os grupos que eu assisti...

CTG RONDA CHARRUA:
1 - Não localizei nenhuma fonte que fale sobre anilinas utilizadas por nos nossos povos pré-colombianos (ou seja, povos que habitaram a atual região da América antes da chegada de Cristóvão Colombo...). Logo, os chiripás primitivos com rosa e verde me deixaram bem reflexiva.Outra questão que tem corroído meu cérebro... As cartas são trocadas entre os anos de 1811 e 1812.De qual guerra se trata este contexto. Por qual "pátria" estariam lutando? Os domínio de Portugal na América já estavam definidos (Tratado de Badajós, 1801). O Brasil nem era uma "pátria" ainda, ainda era colônia de Portugal e a Família Real tinha chegado no país só em 1808. RS era uma província, mais identificada com a Cisplatina no lado Oeste do que como restante da colonização portuguesa, com o qual o Leste se identificava... Enfim, não sei.


CTG OS FARRAPOS:
Diz no jornalzinho que a idéia era prestar uma homenagem ao nome da entidade: OS FARRAPOS. Mas eles homenagearam os Líderes do Movimento Farroupilha, o que não é a exatamente mesma coisa. Os líderes do Movimento Farroupilha eram membros da elite Rio-Grandense da época, e raramente receberiam taxativos como este (pois na época o termo era pejorativo e degradante). Farrapos, geralmente, é uma alusão aos combatentes do Partido Farroupilha e não aos seus líderes, logo a apresentação acabou sendo contraditória. Obs.: Coreografia premiada.


 
GAN IVIMARAÉ:
Ótima pesquisa!! Sem contar que fizeram o bom uso do fogo na apresentação, hehe!!! Bom, é a única apresentação das que eu não vi que vou comentar. Excelente análise do período, revela parte da realidade tanto do Brasil quanto do RS do século XIX. Mistura de regionalismo com o contexto mundial das perseguições religiosas. Muito bom mesmo!

*Foto de Ricardo L. Correa


CTG SENTINELA DA QUERÊNCIA:
Gostei do contexto de Santa Maria, um tema pouco abordado sobre a cidade. O tema foi bem trabalhado, misturando a história oficial do município com a história oral, quando o moço invadia a pista para dar a notícia (isso é a parte que o popular "imortaliza"). Mas o contexto corre pelo ano de 1845, onde a braga já não seria mais utilizada... Já temos o chiripá farroupílha popularizado e, ainda, a braga se ainda fosse usada seria para uma região mais enriquecida, e ser enriquecido no centro do estado que ainda moldava sua população oriunda desta região de passagem, era um pouco menos recorrente (não que não algumas estâncias enriquecidas pela região...). Enfim, fora isso, bom contexto!


*Foto de Ricardo L. Correa

CPF PIÁ DO SUL:
Melhor trabalho de pesquisa deste ENART. Barbosa Lessa é um gigante muito esquecido pelo Movimento, mesmo que digam usar a Tese o Sentido e o Valor (que é muito boa) para alguma coisa. A obra Rodeio dos Ventos é maravilhosa, e o Piá trouxe a lenda do Ivitu-yepivu com maestria no salão. Lenda nativa + Barbosa Lessa foi algo muito bom mesmo. Pena que não foi premiada. Lembram que a coreografia dos Farrapos foi? Pois bem... Aí se explicita a corrente Positivista que o Movimento defende, percebe?? As obras do Lessa não caem nos concursos nem nada... Mas a corrente ali dos Farrapos com seus "heróis" deu certo na premiação. Percebem?

 *Foto de Ricardo L. Correa


UNIÃO GAÚCHA SIMÕES LOPES NETO:
Muito bom também! E, pra mim, foram os campeões nas danças tradicionais. Trouxeram muito bem o contexto proposto e, principalmente, com coerência! Trouxeram a realidade de Pelotas nos seus tempos mais áureos, e É ISSO QUE O SAINT-HILAIRE DIZ EM SEUS ESCRITOS, e não o oposto! Parabéns pra União, muito bom mesmo! Bem pesquisado, bem trabalhado, grupo lindo!

 *Foto de Ricardo L. Correa

CTG ESTÂNCIA DA SERRA:
Os costumes do Litoral, mesmo que ainda sejam estranhos aos olhos e ouvidos de muitos que vão ao ENART, são sempre um show! O Rio Grande tem que abrir os olhos para as culturas formadoras do Estado e que este Estado tem formações distintas conforme a região. Parabéns ao Estância, muito bom trabalho!

 *Foto de Ricardo L. Correa

CTG ALDEIA DOS ANJOS:
Ótimo contexto também. Trouxe as festas de Cavalhada da própria cidade, bem trabalhadas no folclore que embasam as festas e na forma como ela ocorre.Aí teve gente que reclamou que as prendas ficaram "horas enrolando aquele pano na cabeça"... Pessoal, por favor, é só entender o contexto... Os panos eram vermelhos, ou seja, elas eram mouras. Com a conquista do castelos pelos cristãos, elas se rendem junto e mudam a cor dos turbantes, que fica azul, da cor da ponta do pano, que representa os cristãos. E eu não pedi pra ninguém do Aldeia me explicar. É só pararem de criticar e abrirem os olhos pra o que está acontecendo na sala. Parabéns ao Aldeia também!

 *Foto de Ricardo L. Correa

GTCN VELHA CARRETA
Muito legal o trabalho do grupo! Contexto pouco visto nos ENARTs, as vendas de beira de estrada com seus secos e molhados, lidando com a parte empobrecida da sociedade, como os tropeiros e os mascates. Mostraram o espaço feminino nesta realidade, o que uma realidade muito boa de ser mostrada que as mulheres do RS trabalharam em muito nestas vendas (e não ficaram apenas "castas" em suas casas) e, em períodos de guerra, na ausência dos homens, elas mantinham estes estabelecimentos, administrando-os e servindo neles. Muito bom, Velha Carreta!!

 *Foto de Ricardo L. Correa


CTG RANCHO DA SAUDADE:
 Minha definição foi assim: Maravilhou os ouvidos, encheu os olhos e esvaziou o cérebro.
Gente, convenhamos... Patrões e peões festejando num mesmo fandango é surreal. Sem contar a loucura do patrão de subir em seu piano com sua prenda no "fim da festa". Pianos já eram bens raros, somente aos mais abastados. Subir em cima dela não era uma opção. Virei e revirei meu Saint-Hilaire procurando algum registro destes bailes de tropeiros+Barões, e não encontrei. Ao contrário, o livro cita os bailes da elite na presença de mulheres e homens muito bem vestidos com suas sedas, mas nenhum baile que misturasse as duas classes sociais, tão distintas. Ainda, as carreiradas podiam atrair todo tipo de público, mas isso não quer dizer que eles se misturassem e comemorassem juntos. A citação do Dreyes que tem no jornaliznho não denota, em nenhum momento, que a festa acontece unindo ambos. Iguais? Meus caros, não fomos e nem somos!!!!! O tema que o Rancho trouxe pra sala é a idéia que a direção do Movimento tem tentado empurrar goela abaixo de todos nós, tradicionalistas, de que somos iguais e de que eles fazem tudo pelo nosso bem. Mas não somos iguais, nós sabemos disso!!! Nem preciso dizer mais.

 *Foto de Ricardo L. Correa


Para concluir...

A diversidade de temas deste ENART e, principalmente, de realidades ou de temas folclóricos, foi o que mais me fascinou. União Gaúcha com os barões pelotenses, Estância da Serra com o litoral, Piá do Sul com lenda nativa são exemplos desta diversidade não de períodos, mas de contextos, realidades e regionalidades!!

E mais uma vez... Nada pessoal com dançarinos, integrantes de entidades nem nada. Minha função enquanto historiadora é zelar pelo bem do que eu estudo. Minha função como tradicionalita é zelar pelo bem da cultura do Rio Grande do Sul. Esse é o meu jeito.

*No próximo post, vou postar trechos do Viagem ao Rio Grande do Sul, do Saint-Hilaire, quando ele fala sobre os bailes que ele presenciou.

*Ah, como isso não é um artigo científico, não coloquei fontes. Se alguém quiser informações sobre as fontes que eu uso/usei, é só pedir ;) 

38 comentários:

  1. Tainá, não li tudo ainda, mas sobre o contraste da pilcha das prendas do Campo eu reflito também... Desde quando se "presta atenção" nisso? Do amarelo com roxo ao agora lilás com verde, cores e tecido "brilhantes"... A gente vê isso nos ENARTs todos os anos... Manual pra quê? Eu queria entender isso.
    Bom, bom... Não entendo muitas coisas que a gente vê como aceitas (como penetas com pedrarias) e que pelo manual, pela regra e e pela orientação não podem... Ese usa... Não seria hora das pesquisas virem a público? O que penso seria um ENORME enriquecimento da cultura gaúcha, não?

    Beijos!!!

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  2. Tainá, parabéns pelas ótimas reflexões. Quanto ao Ronda, anos atrás, ou melhor muitos anos atrás tive o prazer de participar de um Rodeio no Rancho de Gaudérios e visitei a casa de um amigo meu do Ronda. Eles estavam recém saidos do ENART com uma das melhores coreografias deles. A questão das cores das roupas, não foram feitos na base da anilina. Eles usaram erva mate- canela, café e outros produtos naturais pra tingirem. Inclusive a roupa exalava um cheiro muito forte. Apenas para auxiliar em tua pesquisa.

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  3. Tainá, belíssimo post!! Parabéns! De encher os olhos e tremer o cérebro!!
    Um abraço!

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  4. Tainá, creio que quanto mais se critica o Enart, mas se enfraquece o movimento. Eu fiz parte do Evento de 1996 até 2003, e hoje que já não faço mais parte vejo o quanto não é conhecido fora dos meios tradicionalistas, as pessoas da rua não fazem idéia do que é ENART. Nínguem mais quer saber, a não ser os que já estão no meio. E eu como Professor também, só vejo meus alunos gostarem cada vez mais e mais de FUNK, totalmente pornográficos, hawaianos, bonde da stronda entre outros.
    Não fui ao Enart este ano, mas sempre contará com meu apoio, pois poucas coisas são tão sadias quanto o convívio em CTG. Tirando a rivalidade demasiada, que fazem hoje os grupos se achincalharem nos meios virtuais, e as críticas de muitos que em nada contribuem para que a tradição gaúcha cresça. Creio que se tudo fosse quadrado como era na época, aí sim que perderia a graça. E talvez seja pela fantasia, ilusão e brilho que o Carnaval Carioca seja conhecido mundialmente. Já o nosso evento máximo, a maior parte do nosso próprio estado não conhece. QUE VENHAM COREOGRAFIAS DE ENCHER OS OLHOS!!!!Edison Cabral

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  5. Desculpe Tainá, mas o que falta entender é a proposta como um todo, não dividida em partes. Não concordo com tuas observações em vários aspectos, não no histórico, mas sim na arte abstrata que alguns ainda não conseguem atingir. Apesar que ela é um dom que não pertence a todos.
    Não digo que é seu caso, pois se te conheço não lembro no momento, mas algumas das suas observações são para um bom debate ao vivo. abraços. Dom Camillo

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  6. Show de bola a análise. Deveríamos ter pessoas com essa conteúdo no movimento, digo, dentro do MTG. Temos? Hum... então não estão seguindo o que estudam e pregam. Incrivelmente concordei com a maioria do que foi dito... a observação do manual é interessante, ele é seguido no ENART? Cada ano eu tenho essa dúvida alimentada...

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  7. Desculpe Tainá, mas percebi certo Juízo de valor em tuas observações, principalmente quando falou do campo dos bugres e rancho da saudade, pensei que estivesse passando observações inteiramente científicas, que com certeza estariam respaldadas pela tua fõrmação, mas como disse meu amigo Edison Cabral ali em cima, com o qual eu concordo plenamente, a arte nos permite fugir dessa base científica e imaginar-nos situações para que seja abrilhantada uma apresentação. Parafraseando Dom camilo "há uma arte abstrata que alguns ainda não conseguem atingir". Marlon da Rocha Silva.

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  8. Arte Abstrata!
    Desculpas de ignorantes, que utilizam-se de um (se é que dá para dizer) "adjetivo", sem embasamento e conhecimento do que a arte abstrata se trata, para justificar inconsequências sobre uma pesquisa histórica e que necessariamente deve haver embasamento.
    Ora, se a arte a abstrata, não se faça pesquisa. Não se dance com base num manual, ou em regras claras e objetivas. Ora, se é abstrato, nada disso existe como regra, pois se é abstrato, poderia eu 'sapatear' utilizando All-Star, vestido de preto, utilizando camisas do bandas metal, sendo uma releitura punk de uma pequena parcela da sociedade gaúcha atual.
    E dizer que a 'arte abstrata' não é um dom que não pertence a todos, é subjulgar a capacidade das pessoas e seus entendimentos pela abstração.
    Parabéns a Taniá pela bela matéria. Uma pena que o movimento esteja cheio de velhos retrógrados, que se justificam nos seus auto-conhecimentos, causando discórdias entre muitos apaixonados pelas tradições.

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  9. Ola Tainá, muito boa analise gostaria de saber como faço para adquirir uma obra de Saint-hilarie?? Não sou nenhum historiador nem estudante de historia, mas um apaixonado por ela, principalmente no que diz respeito a danças tradicionais. Gostaria que se possível me orientasse como adquirir alguma obra desse que o principal historiador de nossas danças.Parabéns pela a analise consciente e bem fundamentada!!

    Abraços!!

    Everton Lacerda - Alvorada-RS

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  10. Tainá.
    Estou lendo pela primeira vez o teu blog. Tive acesso a ele através do link de um amigo do facebook.
    Gostaria de, primeiramente, te parabenizar por todos os post dos últimos tempos, já que li a todos. Não sei se concordo com absolutamente tudo o que tu postas, mas tenho que destacar que todas as tuas afirmações possuem algum embasamento teórico.
    Algumas coisas eu gostaria de salientar:
    1. É preciso, urgentemente, que seja revisto todo o procedimento do MTG. Se nós, tradicionalistas, não tomarmos providência, o MTG vai conseguir, da forma como está a coisa (excesso de profissionalismo e falta de espontaneidade), terminar com o brilhantismo do Enart e de todas as demais festas que enaltecem as tradições do Estado.
    2. Todos os grupos que se apresentam estão "engessados" por manuais e, mais uma vez, esquecem (não que seja um esquecimento espontâneo, mas obrigatório mesmo) a naturalidade.
    3. Acho que toda entrada e saída, nas suas coreografias, deveria ter algum historiador para dar fundamento as coreografias e pesquisas.
    4. Com relação aos concursos de prendas e peões... há algum tempo eu não acompanho e não participo, pois o que eu vinha notando eram Mães e "Tias" que faziam de tudo (inclusive - e especialmente - manipular os relatórios) para que seus filhos fossem premiados. Não consigo entender como as prendas e peões que representam os CTGs, as Regiões ou o próprio Estado (não quero generalizar, mas muitos são assim) são vazios de conteúdo... tenho que concordar contigo que se trata de decoreba pura! Não adianta decorar, é preciso compreender o contexto geral no qual as coisas acontecem e aconteceram.
    5. Prenda e Peão que precisa decorar frases prontas??? Hum... no mínimo duvidosa a sua capacidade de compreensão e improviso! Mais uma vez a naturalidade vem sendo esquecida.
    6. Sabem qual é o resultado de tudo isso? O tradicionalismo que, tradicionalmente (e não é repetitivo sem querer) tinha a função de ser um lazer, tornou-se um trabalho para alguns e, para os outros? Bem, os outros, ou boa parte das pessoas "fica de saco cheio" de tanta burocracia e tanta porcaria que é feita, que deixa de participar.... é, meus amigos, não é fácil... ter família e filhos e profissão, depende de se ter dinheiro e o tradicionalismo (ao menos para a grande maioria) não traz dinheiro!!! Então, quando digo que não tenho mais tempo, não é por não gostar, pq amo dançar, sempre amei declamar, mas não tenho tempo para me dedicar como gostaria e nem dinheiro pra investir como é preciso atualmente!
    7. Só para destacar, ainda: o MTG, ainda que possua regras próprias, não pode esquecer que o Estado brasileiro possui suas regras, suas normas, suas leis e, especialmente, sua Constituição Federal (ah, e disso eu entendo um pouquinho, pois sou formada em Direito e tenho Pós-Graduação - Especialização, Mestrado e Doutorado - este último, em andamento). Nesse sentido, algumas "punições" que são ou já foram impostas aos tradicionalistas, sem qualquer direito de defesa é, simplesmente um absurdo!!!! Só pra deixar claro: isso ninguém me contou! Eu tive a felicidade (ou infelicidade) de ter de fazer a defesa de uns amigos em razão da aplicação de penalidade INDEVIDA e sem possibilitar o CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, por parte do MTG.

    Enfim... foi um desabafo, também (assim como muitos já fizeram) e, um PARABÉNS para ti, que teve a grandeza de analisar tudo com responsabilidade e conhecimento de causa.
    Tomara que teu blog sirva de inspiração para que os tradicionalistas se atentem para algumas situações que são, no mínimo, controversas.
    Me coloco sempre a disposição para discussões.
    Att.
    Maitê Damé Teixeira Lemos

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  11. Boa tarde Tainá!

    Primeiramente parabéns!!!!! Lindo o seu post, fiquei muito feliz ao ler o que você escreveu, são para pessoas como você que trabalhamos e criamos tudo com tanto carinho e paixão. Descreveu a o nossa pesquisa e coreografia do modo como criamos ela. Todo trabalho que realizamos é fundamentado em muita pesquisa e discussões para chegar em um resultado específico para o Enart. Mais uma vez parabéns!!!!!!

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  12. Bom dia Tainá e parabéns pela iniciativa!
    Começo esclarecendo que:
    - não sou mais dançarino;
    - o CTG o qual eu dançava não participou este ano;
    - não faço parte do MTG. Já fiz, mas hoje não mais;
    *Sendo assim não sou partidário nem ao movimento, nem a CTG's participantes do evento.

    Como eu disse, parabéns pela iniciativa, e explicanto o que irei falar já aviso que não defendendo o MTG como SOCIEDADE e sim como ESTATUTO. Mesmo assim, peço que antes de criticar este orgão e principalmente as pessoas a quem você cita,procure conhecer um "pouquinho"
    sobre o que está falando. Como eu disse não defendo a SOCIDEDADE MTG, pois esta é política, todos nós sabemos, mas defendo o ESTATUTO do MTG, seus ideais e sua idéia. Sendo assim sei que existem pessoas com embasamento histórico, cultural e artístico que podem fazer uma análise MUITO mais qualificada que a sua(pois pesquisam apenas sobre isso, expecialista) o que não quer dizer que participem do ENART (como eu disse, existe a parte política).
    Mas na maioria das suas citações, posso lhe responder com um duas palavras:

    "licença poética"

    Mais uma vez parabéns pela iniciativa de começar uma discussão extremamente relevante, mas na próximas vez tente não ser "partidária", pois ficou claro este quesito em suas citações. Defendendo o que disse com pessoas que você citou:

    "-Uma idéia torna-se uma força material quando ganha massas organizadas."
    -Karl Marx-

    Saudações
    André Peralta

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  13. Primeiramente, gostaria de agradecer todos que vieram aqui e deixaram suas opiniões, principalmente pelo tom respeitoso com que se referiram.

    MARINA: Eu, todo ano, penso se cada um dos grupos (não apenas o Campo dos Bugres) que fere o manual de indumentária, recebe descontos em suas planilhas...

    LEANDRO: Vou dar mais uma olhada sobre os tingimentos. Com certeza não seria anilina, mas achei muito "roseado", ou "esverdeado". O trabalho de tingimento com ervas deixa cores mais sutis, dependendo do material que for tingido. E obrigada pelas palavras!

    MALHEIROS: Gracias!

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  14. EDISON, CAMILLO e MARLON: Acho que as críticas devem ser sempre construtivas, e é o que tento fazer. Ano passado, por exemplo, o evento foi bem complicado com algumas "novidades" que o MTG tentou implantar. Este ano as coisas fluiram bem melhores. Pelo motivo de que houveram críticas que construiram melhores moldes para o ENART deste ano. Também sou professora e penso que não posso ludibriar meus alunos com aquilo que eles querem ouvir e assim, abdicar da reflexão crítica e de fontes confiáveis para os estudos deles. Vi neste ENART muitas coreografias de encher os olhos sem perderem a parte culta, e entendo que ela seja fundamental. Aceito as opiniões, cada um com a sua, mas acredito que a arte deve ser responsável também. Ela não perde a beleza e nem a poesia por causa disso!
    E com certeza há juízos de valor no que escrevo: É A MINHA OPINIÃO! Deixo isso bem claro SEMPRE! Mas são juízos baseados no que eu acredito e no que vejo, jamais frente os grupos. Admiro muito todos estes grupos aí, estão onde estão por merecimento. Apenas me dei o direito de expor MINHA OPINIÃO sobre as pesquisas.

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  15. "TOLOINTAO", agradeço as palavras.

    LEOAUX: Concordo contigo também e agradeço as palavras!

    EVERTON: Agradeço pelas palavras mais uma vez. A obra se chama Viagem ao Rio Grande do Sul, Auguste de Saint-Hilarie. Meu livro comprei na Saraiva, em Porto Alegre. Deves encontrar em sebos, até os virtuais. Se quiseres tenho também a versão em pdf., me passa teu e-mail que vejo se consigo anexar!

    Abraços para todos!

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  16. MAITÊ: Com certeza nem todos concordarão com cada palavra que escrevo, aliás, que bom isso! Importante, como tu disseste, é que nasça a reflexão e que não fiquemos ouvindo e reproduzindo apenas o que nos for enviado. Gracias pela palavras, contem comigo igualmente!

    LEONARDO: Não sei de qual entidade és, mas que bom que foi possível esta compreensão! Grande abraço pra ti e agradeço as palavras!

    ANDRÉ: Com certeza existem pessoas que sabem muito mais do que eu. ÓBVIO! Por isso que eu repito sempre... Me dei o direito de fazer o MEU estudo sobre o que EU VI e da forma como EU ENTENDO. Ser imparcial é IMPOSSÍVEL para qualquer historiador e eu nem busco por isso. Sempre exponho minha parcialidade, não gosto de ficar em cima do muro em nenhuma sitação. Repito ainda, o meu "partidarismo" é pelo bem da cultura do Rio Grande, da forma como eu a entendo. Cada um entenderá pelo norte que suas convicções pessoais lhe derem! Agradeço, siceramente, por ter vindo aqui e participado! Abraços!

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  17. Cara tainá! concordo com as coisas que colocastes, principalmente no que se diz respeito ao cruzar de informações! complicado apresentar coisas erroneas a um público que conhece pouco ou apenas se apega aos detalhes de beleza!!!!! não sou de nenhuma entidade, mas por acaso vi um video no youtube que explica bem essa parte do rancho. entitula proposta de trabalho do rancho da saudade para o enart 2011.
    com relação a mistura das classes, o proprio Savaris explica no video, que não havia mistura de classes e no caso da mistura ocorrida alí foi de que os patrões tinham seus bailes, e vida do dia a dia, eles tinha um homem de confiança que era tratado como da familia,isto é entrava na casa grande em datas especificas comia com os senhores e pelos serviços prestados como chefe de comitiva as vezes enrricava, ganhava gado e as vezes ate se enamorava de alguma filha do patrão, mas por respeito nessas festas eles usavam roupas mais modestas que a dos patrões para mostrar a diferença entre classes!
    da uma olhada nesse video depois, achei que ficou bem confusa a ideia deles, mas acho que ate que é valida!!!!

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  18. Querida Tainá,

    Confesso que reli várias vezes teu texto. Primeiro um aviso ao amigo que está a procura da obra de Saint-hilarie, está esgotada, encontramos apenas na gráfica do Senado Federal.
    Bom, sinto com tuas considerações que deveremos repesensar em uma série de procedimentos. Tanto em relação a própria cultura, quanto a maneira como estamos tratando nossos jovens que a cada ano sonham e se dedicam com afinco. Não estive no ENART deste ano, por motivos que aqui não cabem relatar, no todo, contudo, por ter defendido posições e amigos. Por isso, fiz a opcão de não apresentá-lo, em respeito ao que aprendi em casa, com o meus pais Benjamim Feltrin Netto e Maria Lili da Luz Feltrim. Se precisares de algo estou à disposição. Posso te enviar meus contatos, se desejares.
    Beijos grandes, caminhe forte e segura. Que os ventos tão bem retratados pelo Piá do Sul levem para longe toda a falta de esperança, pois um dia haveremos de retomar o rumo e sermos como aqueles que tinham saudades do pago e decidiram fundar um movimento, movidos pelo amor, sentimento este que deve permear nossas atitudes.
    Com carinho,

    Ana Claudia Feltrim

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  19. Ana Claudia, nem tenho palavras para agradecer o que me disseste e nem para dizer o quanto é inspirador ler algo como o que tu escreveste. Muito obrigada por se manifestar aqui! Grande abraço

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  20. Não vi em seus comentários nenhuma menção (históricamente falando) sobre danças de épocas diferentes, de gerações distantes, de caracteristicas particulares (assim como musicalidades e requintes paralelos a isso) serem evidenciados. Creio, que numa visão tão apurada, da qual voce costuma e tenta comentar e analisar (respeitosamente, como diz) isso deva ser levado em consideração. Ou acha isso "passivel" para concursos? Qual sua posição, e como cria uma ligação entre esses contrapontos? Acho que a visão histórica deva ser sim muito bem analisada, já que vejo a dança como história (e nisso os concursos meio que não evoluem, não se aperfeiçoam) principalmente para quebrar paradigmas, criados por poucas bibliografias (como creio não ser o caso de alguns grupos, mesmo voce não aceitando), já que notei que sua base é totalmente em cima delas: bibliografias. Nortei entrevistas com historiadores conceituados no meio da qual não levaste em consideração. Confere? Porém, a história esta ai (e posso chama-la de FOLCLORE: ESTUDO DE UM POVO, ou estudo do povo, etc)... e creio que não analisaste o fato de o HOMEM GAUCHO (ou rural, já que o homem citadino nunca foi chamado de GAUCHO, ou o homem de POSSES) nunca se portou do modo como muitos grupos se portam na sala diante a uma dama, de um baile ou de um conjunto musical. Assim como nunca tocarem da maneira como se costuma tocar nos concursos, e outros diversos fatores não analisados. Lembro também, que as danças dos concursos são RURAIS, e no ambiente rural é que foram recolhidas e pesquisadas... tentando adaptalas a "normatizadas" em cima desses ambientes, aponas. Portanto, não vejo voce citar que isso seria um erro: um grupo "representando o citadino ou o homem da elite" bailar essas determinadas danças, que seriam apenas de campo, como se sabe.
    Acho que tens muito embasamento, mas não cita o lado folclorico. Não encontro também QUESITO HISTORICO da parte do ENART, da qual o CONCURSO prevalece. Dei alguns exempos, dos quais não citou, que refletem isso. Acredito na boa discussão, mas tudo acontece como uma representação artistica, da qual (por ser assim) poderia-se criar a vontade, inslusive inventar ambientes, ficções e colocações de elementos neles. Não é o caso, mas acho que pode-se, sendo arte. Defendo esse ponto de vista, desde que esse rótulo seja aceito. O problema é rotulo acho... do qual não é bem o caso do ENART, mas se fosse seria bem vindo. DANÇA é arte, e sendo arte, cria-se ou representa algo existente. Assim penso.
    Vejo muito "gesso" trancando sua veia artistica, lendo suas palavras.
    Abraços, Diego Muller!

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  21. DIEGO: Pois bem, o propósito deste post não fora analisar as danças ou musicalidades. O objetivo foi comentar sobre as pesquisas do ENART 2011 e eu não gosto de tangenciar temas. Quanto aos historiadores, sim, conheço alguns, estudei. Acredito que muitas outras fontes possam ser utilizadas, mas entrevistar um historiador é como ler um livro dele em voz alta. Minhas fontes, em geral, são com história oral, panfletos e música, como é o caso do meu mestrado e da minha mono. Mas bibliografia pesa sim. Tem o mesmo peso de seu autor que, se for entrevistado, irá reproduzir sua obra de forma oral.

    A propósito, seu conceito de folclore está equivocado... Estudar UM POVO é trabalho de etnologia. Para se estudar "O POVO", você também deve definir seu conceito de povo. FOLCLORE é o estudo do conhecimento do povo, transmitido de maneira não-formal, que nasce espontaneamente porém não de forma aleatória.

    Quanto às danças e ao gaúcho, veja bem... As danças não são RURAIS (e nem poderiam sendo que a maioria tem origem européia...), elas foram PESQUISADAS no campo, e isso não quer dizer que elas tenham sido apenas dançadas nos meios rurais. Foram dançadas nos grandes centros e acho que a cultura do RS deve ser abrir às influências do Leste sim, com seus núcleos urbanos e uma riquíssima história do século XX (aliás, foi tema do Lenço Colorado, com os bondinhos, pena que não pude assistir. Excelente temática).

    Sou plenamente a favor da liberdade artísitca, e quantos grupos fizeram isso de forma tão bem feita e sem ferir os contextos? Realmente, não existe o quesito HISTÓRICO no ENART, o que é lamentável... Isso não quer dizer que eu deva criar uma história fictícia pra ser bonita de dançar.

    Dança é arte, com certeza!
    E com certeza, não conheces uma gota do meu sangue pra saber o que passa em minhas veias artísticas...

    Abraços

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  22. Sei que como historiadora sempre está disposta ajudar e a arrumar tanto os graves erros do nosso MTG e mostrar o que realmente e verdadeiro e não inventar qualquer tipo de história... pois bem só vim aqui para pedir suas fontes para que eu possa fazer uma pesquisa e uma proposta para o ano de 2012 na minha invernada aqui da fronteira,se for possivel eu agradeceria ajuda, só quero fazer um bom trabalho e mostrar pouco da cara da fronteira no ENART com a sua real verdade digamos assim,
    desde ja agradeço a colaboração
    Obrigado.

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  23. SERGIO: Obrigada pelas palavras! Tu querer as referências deste post ou para o grupo? Se for da invernada, se puderes, me envie por e-mail que propostas pensas para o grupo para eu dar uma pensada. Se eu não souber umas boas fontes, converso com meus professores e eles sempre me indicam! É taina_sv@yahoo.com.br

    Abraços!!!

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  24. Cara Tainá. Acho que existe muita mágoa no teu coração, pois responde os tópicos aqui com esse tom de ranso. Pena. Acredito que muitos posts aqui são para acrescentar pensamentos em sua vida, que parece ser muito firme, ao mesmo tempo que perigoso por não ouvir idéias alheias. E outros parecem ser mais de questionamentos, onde recebem respostas pesadas. Muitas respostas parecemn mais para demonstrar conhecimento, mais do que analisar algo a acrescentar. Infelismente. Pena. Algumas respostas suas entram em contraposição, quando defende termos que mais adiante critica outros similares. Portanto, idéias com folga para criticas e opiniões contrárias. Creio que não precisa ser expert em história para analisar dança, da qual voce nem analisa. Bom que mostrou seu conhecimento. Pena que não agrega, pois mostra mágoa com algo, que no blog não se identifica claramente. Segue o baile e aguadao réplica. Carlos Becker, Porto Alegre.

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  25. Oi. Gostei de sua resposta, agrega bastante Tainá. Mas ainda penso que DANÇA e MUSICA sejam historias de um povo (e não preciso definir povo nesse blog pois está mais do que claro o qual estamos comentando)... Então acho que o mesmo pensamento que tens quando analisa a PROPOSTA (que também não existe avaliação dela no ENART) deva existir, pois defende um lado que é da proposta, mas se abstem quanto ao da dança. Se as danças podem se misturar, porque não poderia misturar outros elementos? Não concordo. Um peso ou dois.
    Quanto ao FOLCLORE, não fui ao dicionário... e nem precisa ir, acho... vamos se ater ao conteúdo, e não a etmologia das palavras (mesmo que seu conteúdo tenha e está somando).
    Acho que FOLCLORE é mais do que isso, o significado da ciência ou da palavra. É um estado de espírito ser mais admirador do FOLCLORE ou da CRIAÇÃO ARTISTICA, desde que bem rotulada.
    Já das fontes orais, creio que defende sim, como disse... mas não levou-as em consideração quando analisou os grupos acima citados, pois eles comprovaram idéias das quais voce foi contra. Deve ser então opinião prórpia, ou embasamento em fontes que identifiquem teu modo de pensar. Ótimo, sua opinião esta clara, e há de se respeitar. Mas respeito mais a de historiadores vivos (graduados como voce).
    E já da parte das danças RURAIS, discordo constantemente de voce. Tudo que vem de fora, nos chega, e ganha ares do local onde pousou. Caracteristicas diferentes, musicalidades diferentes, elementos próprios, etc. (Prova disso é a CHIMARRITA, muito bem viva nos açores, mãe da Chimarrita daqui, por exemplo. Se compararmos verá que foi mãee possui traços parecidos. Mas é outra coisa, de outro lugar, identificando o povo onde ela esta inserida). Discordo de voce. Nossas danças são rurais sim, pois foram encontradas no CAMPO. Dizer que elas são citadinas é uma HIPOTESE, da mesma maneira como vários grupos citados por voce fizeram... chegaram a HIPOTESES de suas informações, incompletas ou idealizadas apenas. Me fiz entender o porque discordo? RURAIS: esta provado que são... URBANAS, citadinas ou de elite: seria hipotese apenas, sem provar. Portanto, isso dá a entender que os grupos podem, cada um, chegar a suas hipoteses e conclusões sobre o que se realizou nas epocas e nas circunstâncias das quais eles apresentaram.
    Sua bibliografia é maravilhosa, porém é a mesma para todos. Cada um pode interpretar da sua maneira mais intima, o que abre precedentes. Concorda?
    Esta bom esse tópico. E espero somar, ao contrario do que me pareceu na sua resposta, da qual pareceu entender que eu estou alfinetando. Só tenho outras experiencias das quais não sao as suas, e das quais, nao sendo, nao serão interpretadas da mesma maneira.
    Ah, e do sangue pela arte, não sei mesmo, por isso fiz um comentário pelo que notei, e não pelo que sei.
    Abraços e sucesso.
    Diego Muller

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  26. CARLOS: Não, não há mágoa. É uma forma de expressão. Sempre que falarem algo para que me atinja pessoalmente, com certeza irei rebater (técnica clássica de defesa...). Quanto aos demais, por mim, tudo bem. O Leandro comentou dos tingimentos naturais, achei ótimo... Só disse que achei as cores muito fortes para parecerem apenas naturais. Sempre enfatizo quanto ser a minha opinião, e que cadaum tem a sua... Repetitivo isso já! Mas não que se mágoa. Foi o que respondi para Edison, Camillo e Marlon, citando ainda minha admiração pelos grupos que dançam na final do ENART e fazendo o registro de que há um juízo de valor sim... Inevitável, por sinal! Em compensação, pessoas que falam em tom irônico dizendo que eu acho que sei tudo, bom, aí já me ofende mesmo, e isso eu rebato sim. Nunca disse isso, nem de perto... E lá vem o que já está clichê: me reservo o direito de opinar! Vir aqui e ler é uma opção... Acredito que tenhas interpretado mal. E não leia esta frase como "ranso", eu apenas não tenho mágoa alguma com relação ao ENART, mas também não gosto de usem da ironia ou de sutis taxativos comigo... Abraços.

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  27. TICOCTG: Já vi o vídeo, mas vou dar mais uma olhada! Abraços!

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  28. DIEGO: Ok, não falaremos do sangue alheio então! (hehe, sim isso é uma brincadeira antes que amigo Becker interprete novamente como "ranso"...). Acho que a mistura de elementos que tu cita pode ser muito interessante, mas á algo bem delicado também... Por exemplo, eu aceito o homem da cidade como um Gaúcho, Rio-Grandense tal qual os do interior... Até pois diversos "ícones" do RS tiveram suas propriedades e vivências na zona urbana. Se excluirmos o "urbanismo", falando vulgarmente, excluímos Porto Alegre, a própria capital, como uma região com história e cultura gaúchas tb. E conheço muita gente apaixonada pelo RS que não tem noção alguma de "campeirismo", mas não me sinto no direito de julgar os "mais" ou os "menos" gaúchos.
    Mas aí, principalmente quanto às danças, entraremos num contraponto mesmo: concordo que as danças se adaptam ao local onde vão "residir", mas ainda entendo que elas foram pesquisadas no meio rural por terem sobrevivido no meio rural e esquecidas no meio urbano, mas não pq no meio urbano não tenham existido. Não vejo como hipótese, vejo como algo bem concreto. O Saint-Hilaire (ele de novo) e o Cezimbra Jacques relatam sobre as danças, principalmente as de Minueto, serem comuns nos bailes mais "nobres" em regiões mais urbanizadas. Vou procurar o Cezimbra pra ver se acho uma citação até... Uso ele como fonte pois as fontes que ele usou para pesquisa são bem válidas. Ou seja, mesmo sendo uso de uma bibliografia, é uma bibliografia baseada em pesquisas bem amplas.

    Sobre o folclore ser um estado de espírito, concordo contigo! Os povos registram em seu folclore muitos de seus anseios, medos e expectativas.

    Quanto ao somar, com certeza somas! A parte do "sangue" é que me pareceu alfinetada mesmo. Se não fora, ok! Abraços! E segue o mate ;)

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  29. Parabens Taina, tem que se ter coragem para dizer o que muitos não querem ver e nem ouvir. A nossa sorte é que o "movimento" é maior do que tudo isso e as pessoas passam... Porem o "movimento" fica e vai sobrevivendo, forte e rijo como bom cerne.

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  30. Tainá, este espaço enveredou para um lugar de debate de bom nível. Gostei de ver essas expressões diversificadas que somam na análise crítica do que tratamos. Não entrei em detalhes no meu comentário anterior, pois, como disse, penso numa grande mesa de debates.
    Ao amigo LeoAux, a palavra ignorante me parece inoportuna para quem, como eu, vive a dança e pesquisa a mesma a mais de 30 anos. O dom da arte não nasceu para todos, assim como se ter o dom das ciências exatas, e outras, mas até a tua idéia sobre punks, se estiver na regra e conter uma boa pesquisa,é valida. Mas acredito que necessitaria de um grande artista para desenvolve-la. obrigado.

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  31. Parabéns Tainá pela excelente análise que fizeste. Não vou entrar na discussão pois todos sabem a minha posição sobre o ENART, pois conheço esse festival desde os tempos do Mobral, e sua dita "evolução" é lamentável.
    Quero lembrar aos que criticaram a análise da Tainá, que deveriam também fazer a sua análise e postar em um blog, pois assim mostrariam seus conhecimentos e poderiam também ser "julgados". Até porque julgar algumas linhas de um trabalho tão complexo como foi o apresentado pela Tainá é uma total covardia.
    Talvez esteja na hora do MTG repensar seus critérios de avaliação para entrada e saída, incluíndo HISTORIADORES que possam fazer a avaliação destas propostas durante as interregionais, possibilitando as correções antes da final, evitando assim expor para o grande público e para a mídia pesquisas equivocadas sobre a nossa história.
    Também quero aproveitar para reafirmar a admiração que tenho pela Tainá e pela forma como ela apresenta suas opiniões. Já escrevi sobre isso, mas nunca é demais, afirmar que fico feliz em ver uma Jovem Tradicionalista (com letra maiúscula) como a Tainá fazendo a defesa de suas ideias e opiniões sem medo das posições contrárias, sem medo das opiniões orientadas por pessoas que não tem coragem de se manifestar, e sem medo de dizer que quer sim um Movimento melhor, comprometido com a nossa cultura e com as nossas verdadeiras raizes.
    Um grande abraço

    Neimar Iop

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  32. Li que um grupo de danças solicitou que fosse retirado os posts sobre seu trabalho e me preocupei muito. Aliás não vou citar o nome da entidade porque não acredito que mereçam destaque na minha citação, até porque, quem participa de concursos, rodeios, disputas, eleições, enfim, está sujeito a receber elogios e críticas, além de sofrer as avaliações das pessoas que assistiram ou acompanharam tal processo. Como o ENART é um festival público, transmitido pela internet para quem quiser ver, é mais do que óbvio que qualquer cidadão, mesmo que não seja tradicionalista, possa opinar livremente. Mas nós que acompanhamos este Movimento desde os tempos da Casa Velha (sede muito antiga do MTG) sabemos o que é isso, mas como disse antes, não preciso nem comentar o assunto.
    Tainá, quem não gosta de sofrer críticas é porque é bom o suficiente e, sendo assim, não entendo como não chega no topo.
    Um abração

    Neimar Iop

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  33. Tainá, até agora não vi ninguém te acompanhar nos teus entendimentos "artísticos e teóricos", e tem alguns que querem se basear por tuas pesquisas, cuidado pra não influenciar ninguém a cometer equivocos, que é a opinião que tenho sobre teus entendimentos, argumentar em relação a isso já seria tautologia, por que iria repetir idéias já postas por Diego Muller e Dom Camilo entre outros. Espero que seu Blog também não vire instrumento de politica pra dentro do MTG, pois a iniciativa dos comentários sobre as pesquisas acabou nos sendo muito propícia para um debate. um abraço. Marlon da Rocha Silva.

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  34. Este comentário foi removido pelo autor.

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  35. DOMCAMILLO: Gracias por ter participado deste pequeno debate. Com certeza uma grande "mesa" de debates trará contribuições gigantes ao Movimento!

    HÉLIO: Obrigada por ter vindo ao blog epor tuas palavras. Que este Movimento continue firme e forte sempre!

    NEIMAR: Obrigada e sempre obrigada pelo apoio e força de sempre. Tuas palavras sempre me deixam honrada, orgulhosa e confiante. Grande abraço!

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  36. MARLON: Discordo de ti, acredito que alguns não apenas compreendem como complementam de forma bastante engrandecedora os meus entendimentos. Se alguém se sentir influenciado por estes entendimentos, deve ter também o cuidado de realizar sua própria pesquisa e tirar suas próprias conclusões, claro! Concordantes e discordantes... Todo bom debate tem que ter isto! Se entendes meus argumentos como equívocos, claro que é um direito teu!
    Os que concordam comigo não entendem meus argumentos como equivocados,correto? Abraços.

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  37. Olha guria, tu me fez pensar... já estava na dúvida sobre algumas situações históricas relatadas no enart mas até então tenho buscado estudar o assunto. Acho isso de suma importância uma vez que sou professora de invernadas e me sinto na obrigação de fazer isso... Eu ainda não sei bem que entendimento tirar do que foi exposto no enart (me refiro ao rancho, é claro)... Mas de uma coisa eu tenho certeza: não podemos sobrepujar com a arte a nossa história! Não em um CTG! A arte neste caso deve ser ferramenta para a história... Há outros espaços em que a arte não tem compromisso histórico mas com certeza não são nos CTG. Se assim não for, para mim deixam de ter significado com Centro de Tradições Gaúchas... Muito obrigada

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