domingo, 26 de janeiro de 2014

Era janeiro, 28.


Eu me lembro e nem tem como esquecer.

Era janeiro, 28. Ano passado. Eu saí na rua.

Eram incrédulas as caras das pessoas que eu vi.
Talvez estivesse assim a minha também, não ousei ver meu reflexo.

Ninguém se olhava nos olhos. 
Os rostos cabisbaixos pareciam não poder acreditar. 
As vozes, todas eram baixas. 
Havia uma dor no silêncio, que só se rompia pelo som de sirenes, e sirenes, e sirenes... 
Todas eram de ambulância. 
Cada uma que cruzava era como se uma outra adaga atravessasse pelo peito e insistisse em dizer que era verdade.
Negros eram os sentimentos que cobriram minha cidade, assim como negros eram os panos que ornavam as ruas e as lojas com a mesma informação: luto.

A cidade... Sim, a minha cidade. 
Não de berço, mas a que me acolheu como sua filha e me disse que meus sonhos eram possíveis. 
A que me deu motivos pra acreditar que ser feliz era possível. 
E era. Até a noite anterior, era...

As poucas lojas que estavam abertas não sabiam porque estavam. 
Não havia clientes, não havia o que comprar, não havia contas a serem pagas.
Existia apenas uma dor profunda e todos os sentimentos do mundo a serem velados.

Era 28 de janeiro do ano passado e eu saí na rua.

Saí pois ficar em casa era insuportável. 
Não conseguia ver a televisão, não conseguia entrar na internet, não conseguia dormir. 
Nem fazer nada.

Era janeiro, 28. 
Mas era estranho pois não fazia calor aqui no estado das 4 estações.
Aliás, também não fazia frio.
A propósito, não fazia nada. Se fazia, não tinha como sentir. 
O que tomava conta de mim e de todos era o vazio. E neste vazio cabiam todos os sentimentos do mundo.

E eram pretas as letras que se espalhavam pela cidade a informar o que sentíamos.
Tão pretas quanto os laços de pano que, sem uma letra sequer, diziam a mesma coisa. 
Eram escuras e tristes como os laços que se dependuraram sobre o Arco que é símbolo de vida na minha cidade.
Ah, o Arco... Que sempre me pareceu um braço a acolher milhares de filhos, se tornou pra mim um boca triste, em um rosto desfigurado tão triste quanto sua boca.

Sempre quis, mas eu nunca consegui falar sobre aquele dia.
Era janeiro, 28.

Um dia que começou na noite do dia 26. Que se transformou em 27 quando chegou a meia noite.
Pra mim, parecia 26.

Um calendário me informa que são 365 o número de dias que me separam do dia que eu não quero esquecer: eu quero que ele sequer tivesse existido. 

Mas meu querer sequer se pode querer.
Hoje falamos que queremos justiça por ser o que podemos querer. 
Mas o nosso querer não tem querer.

E naquele janeiro sabe, que era dia 28, eu senti em mim todos os sentimentos do mundo.
E voltei a ser uma menina que não dormia com a luz apagada.
E naquele janeiro, 28, eu fazia 28 anos. Quando pequena eu pensava que deveria ser muito legal fazer 28 anos no dia 28.
Quem diria, não foi.

Janeiro, 28. Pois bem, remontando o ano de 1985, foi o dia que eu nasci.
Mas no ano passado foi estranho. Foi estranho saber que eu tinha que comemorar o fato de poder estar de aniversário. Mas eu não consegui. Estavam em mim todos os sentimentos do mundo.

E está perto de mais um aniversário.
E confesso que temo que o dia 28 de janeiro desse ano comece na noite do 26.
É, não vai...
Mas ainda arde na pele uma estranha culpa de estar de aniversário.
Podia esta culpa ser sentida pelos culpados, não por mim.

Era janeiro...
Vocês sabem do que falo.
E lhes digo que, uma cidade, uma vez quebrada, sabe se reconstituir.
A moral de seu povo, uma vez pisoteada, não.

Parece que é um aniversário que vai "Do fim ao começo", do começo ao fim, enfim, não sei bem.
E amanhã faremos um aniversário indesejado, voltando a ser notícia pelo país e pelo mundo que nada fez ao longo deste um ano.
Sabem o que mudou aqui desde o Janeiro, 27, do ano passado?
Nada.
No máximo, portas de emergência em alguns lugares. 
No máximo, portais de dor ao longo da cidade.
Os culpados são covardes demais pra se culpar.
Deviam se auto-enjaular. E desejo que o façam nem que seja em seu remorso.

Mas sei que desde aquele Janeiro, 28, ainda residem em mim - e na minha cidade - todos os sentimentos do mundo.

Do fim ao começo
Letra: Juca Moraes
Música: Piero Ereno
Intérprete: Pirisca Greco
Festival: 28ª Gauderiada da Canção Gaúcha, Rosário do Sul

Foi como calar seus sonhos
Desviar-lhe a estrada
E cegar-lhe a faca
Antes de chairada

Foi como sentir o tempo
A estancar as horas
Apear do mundo
Descalçando esporas

Foi como se o próprio céu
Derramasse as estrelas
E a terra tão pequena
Para recebê-las

Foi tudo como se fosse
Mas não foi assim...
Veio do fim ao começo
Do começo pra o fim

Foi o fim de uma tropeada
Que cessou seus passos
Foi quando o campeiro
Descansou o laço

Foi assim que a mão do vento
Abriu o sol pra o céu
E acordou o homem
Que tapeou o chapéu

Ganhei esta rosa do amor da vida, dia 24 de janeiro deste ano. E a ganhei por amor. Ele sempre me dá flores... Por ela ser de amor, uso a imagem dela aqui. 



domingo, 24 de novembro de 2013

ENART 2013 - A vergonha das notas erradas na Força B

Sabe teu suor, teu esforço, tua dedicação, teu amor pelo que tu faz?

Pois é... Tudo isso cai nas mãos de meia dúzia que não sabe fazer conta de somar, sabia?

Pois bem... As notas da geral de sábado do ENART 2013 da modalidade de Danças Tradicionais Força B estão praticamente TODAS somadas erradas, com sérias alterações na ordem final de colocação.

Duvida?

Confere comigo aqui embaixo...
Nesta planilha que eu montei tem as notas com as somas corretas (sim, me prestei e refiz TODAS as de sábado). A menos que alguém venha e me explique qual é a fórmula mágica para soma das notas. Talvez o sinal de + deva ser substituído por um "vezes raiz quadrada de pi" em algum momento, aí eu realmente não saberia como calcular. Abaixo, está a geral divulgada pelo MTG.

Desculpem, mas as palavras me fogem pra descrever o que sinto vendo isso.

Se justificado for, vocês verão aqui, neste mesmo blog, as minhas desculpas públicas.
Por enquanto eu fico com a minha indignação.

Me desculpem também se sou eu que estou te contando que teu grupo tinha direito de dançar domingo mas não dançou... Ou que tu dançaste no domingo em uma vaga que, teoricamente, não seria tua. Não pensem que quero atingir qualquer grupo, eu sei o tamanho do trabalho que a gente faz... Mas dói na alma. Isso que pro meu grupo não interferiria em uma classificação/desclassificação, mas me dói profundamente.

(Se eu somei algo errado ou deixei alguma ordem errada, me avisem... )

>>> Lembrando: esta listagem é da CLASSIFICATÓRIA de 6ª e sábado, não a geral de domingo...


COLOCAÇÃO REAL
GRUPO
NOTA REAL
COLOCAÇÃO EM QUE ESTAVA
NOTA QUE TINHA





Estância de Montenegro
9,8436
9,840
Capão da Porteira
9,8183
9,818
Poncho Verde
9,8183
9,818
Bocal de Prata
9,802
9,795
Alma Gaúcha
9,7913
9,771
Chão Batido
9,7887
9,789
Domadores do Rincão
9,7869
9,777
Júlio de Castilhos
9,785
9,775
Vaqueanos da Cultura
9,7783
9,778
10º
Galpão Campeiro
9,778
10º
9,768
11º
Nativos
9,7696
13º
9,750
12º
Sangue Nativo
9,7686
17º
9,739
13º
Tropeiro Velho
9.7597
21º
9,726
14º
Velha Cambona
9,7543
15º
9,744
15º
Campeiros do Sul
9,7486
11º
9, 768
16º
Poncho Branco
9,7466
14º
9,747
17º
Chaleira Preta
9,7466
18º
9,737
18º
Timbaúva
9.7354
19º
9, 735
19º
Tapera Velha
9,7347
12º
9,755
20º
GDF
9.7287
20º
9,729





21º
Tropeiros do Sul
9,722
16º
9,742
22º
Guardiões
9.7136
22º
9,724
23º
Querência da Serra
9.7094
24ª
9,699
24º
Mata Nativa
9.7034
26º
9,693
25º
Lagoa Vermelha
9.6953
25º
9,695
26º
Candeeiro da Amizade
9.677
27º
9,678
27º
Rodeio de Encruzilhada
9.664
23º
9,704
28º
Laço da Amizade
9.6576
30º
9,648
29º
Ibirapuitã
9.6553
28º
9,675
30º
Marcas do Pampa
9.638
29º
9,658
31º
Unidos
9.6357
31º
9,636
32º
CAAMI
9.6354
33º
              9,615
33º
Raphael Pinto Bandeira
9.6314
32º
9,618
34º
Galpão da Saudade
9.6233
35º
9,603
35º
Rincão de São Pedro
9.5673
34º
9,607
36º
Sentinela da Saudade
9.573
36º
9,560
37º
Noel Guarany
9.5546
37º
9,525
38º
Tropeiros da Lealdade
9.5106
38º
9,511
39º
Sepé Tiarajú
9.5093
39º
9,499
40º
João Manoel
9.438
40º
9,468