Pense em seus amigos. Os melhores.
Selecione 2 deles que seja, aqueles pelo qual você faria qualquer coisa. Junte à eles amigos não tão próximos, uns 10, ou 15. Mais conhecidos. Pense em 30 pessoas que você conhece. E mais umas 20 que, se você não conhece, você sabe quem são, sabe o que fazem, sabe de quem são amigos.
De uns instante para o
outro, todos eles não existem mais.
Talvez você possa selecionar destes, uns 5
que ainda existem, 3 em casa, sãs e salvos, porém em pânico, em choque, um
saindo do hospital e outro em estado grave (não se esqueça: você não pode
livrar os mais próximos desta lista).
Os que de repente se foram, muito, mas
muito de repente e muito cruelmente, existem agora apenas na suas melhores
recordações. Os amigos que ainda permanecem vivos como você, perderam outros amigos,
perderam familiares. A senhora aquela que mora na casa da esquina, e você
adora, perdeu o filho. Um cliente do seu pai perdeu os 2. Outros dos seus
melhores amigos estão virando dia e noite entre orações e visitas ao hospital.
E estes são os sortudos, outros não tem mais o que fazer. Estes que nada podem
mais fazer, saem da cidade e vão pra casa dos pais, buscar colo, alento,
consolo. Estes são os pais que, chocados e tristes, estão gratos por terem um
filho pra consolar. Outros tem que ficar por trabalho, obrigações, enfim, e
conviver com uma cidade que, simplesmente, não sabe o que fazer, nem como agir,
nem como fazer pra acalmar essa tristeza.
Nisso tudo, escolha agora um novo personagem: você pode ser o amigo que peregrina em hospitais, o pai que consola o filho, o pai que deseja que seu filho estivesse ali pra ser consolado, mas não pode trazê-lo de volta. Você pode ser a pessoa que já está em casa, aqui ou nas cidades da volta (a maioria não é natural de Santa Maria), tentando entender tudo que você viu naquele lugar que você prefere nem dizer o nome. Você precisa entender, aceitar, e conviver com tudo isso. Ao mesmo tempo, próximo aonde você estiver, os tambores rufam anunciando mais um carnaval. Pessoas passam nas ruas vibrantes, bêbadas, gritando que a folia não pode parar. O som do samba (que este não irá morrer, não tema) se estende do início da noite até o início da manhã. E tudo que você quer é entender, aceitar, descobrir se existe uma forma de lidar com isso tudo. E o som ao seu redor é de "viva". Viva, viva sim... Mas no deem um tempo.
O carnaval pode esperar. Pode esperar a gente entender. Pode esperar a gente não ficar imaginando que aqueles amigos/primos/amigos/irmãos/namorados(as)/filhos(as) estariam ali talvez. Pareça demagogia, pareça drama, pareça o que for... Mas nos deem um tempo. Por isso não queremos carnaval. Nos deem um tempo...
Pode não ser um discurso político, tal qual se costuma fazer, mas é algo muito real e que bom que a política entendeu isso em vários lugares, acima dos valores a serem arrecadados ou dos que foram gastos. Foi a ganância, como se sabe, que fez com que velássemos mais de 230 pessoas no final de semana passado. "Reflita em torno de novos valores na sociedade"... Foi o que o Prefeito de Rosário disse? Ele tem toda a razão... O carnaval pode esperar. Nos deem um tempo...
Pra mim, que perdi amigos daqui e de lá, pras famílias deles que, tenho certeza, não querem ouvir o ecoar dos tambores em alguma madrugada que, por ventura, consigam dormir, pros meus amigos que saíram da cidade pra tentar recuperar as forças, pras famílias que não conheço, pros amigos que não tenho, mas que choram e apenas precisam aceitar, entender e ressignificar a vida.
Desculpem, precisava partilhar deste sentimento.
Nisso tudo, escolha agora um novo personagem: você pode ser o amigo que peregrina em hospitais, o pai que consola o filho, o pai que deseja que seu filho estivesse ali pra ser consolado, mas não pode trazê-lo de volta. Você pode ser a pessoa que já está em casa, aqui ou nas cidades da volta (a maioria não é natural de Santa Maria), tentando entender tudo que você viu naquele lugar que você prefere nem dizer o nome. Você precisa entender, aceitar, e conviver com tudo isso. Ao mesmo tempo, próximo aonde você estiver, os tambores rufam anunciando mais um carnaval. Pessoas passam nas ruas vibrantes, bêbadas, gritando que a folia não pode parar. O som do samba (que este não irá morrer, não tema) se estende do início da noite até o início da manhã. E tudo que você quer é entender, aceitar, descobrir se existe uma forma de lidar com isso tudo. E o som ao seu redor é de "viva". Viva, viva sim... Mas no deem um tempo.
O carnaval pode esperar. Pode esperar a gente entender. Pode esperar a gente não ficar imaginando que aqueles amigos/primos/amigos/irmãos/namorados(as)/filhos(as) estariam ali talvez. Pareça demagogia, pareça drama, pareça o que for... Mas nos deem um tempo. Por isso não queremos carnaval. Nos deem um tempo...
Pode não ser um discurso político, tal qual se costuma fazer, mas é algo muito real e que bom que a política entendeu isso em vários lugares, acima dos valores a serem arrecadados ou dos que foram gastos. Foi a ganância, como se sabe, que fez com que velássemos mais de 230 pessoas no final de semana passado. "Reflita em torno de novos valores na sociedade"... Foi o que o Prefeito de Rosário disse? Ele tem toda a razão... O carnaval pode esperar. Nos deem um tempo...
Pra mim, que perdi amigos daqui e de lá, pras famílias deles que, tenho certeza, não querem ouvir o ecoar dos tambores em alguma madrugada que, por ventura, consigam dormir, pros meus amigos que saíram da cidade pra tentar recuperar as forças, pras famílias que não conheço, pros amigos que não tenho, mas que choram e apenas precisam aceitar, entender e ressignificar a vida.
Desculpem, precisava partilhar deste sentimento.
E dizer que é
por isso que sou a favor do cancelamento do carnaval.
Sábias palavras Tainá, neste momento o silêncio é o nosso melhor amigo. Outros carnavais virão, eles podem esperar. Abraços
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